Os países com armas nucleares estão a modernizar os respectivos arsenais, apesar da vontade expressa pela comunidade internacional de um desarmamento, anunciou hoje o Instituto de Investigação sobre a Paz Internacional de Estocolmo (SIPRI).
De acordo com o relatório anual da instituição esta segunda-geira apresentado, o armamento nuclear mundial sofreu uma redução de 3% em 2014 devido à retirada de equipamentos obsoletos.
As nove potências nucleares – Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte – possuíam em Janeiro deste ano 15.850 ogivas nucleares, contra 16.350 um ano antes, o que representa uma descida continuada mas a um ritmo lento em relação ao registado na década anterior.
Do total de ogivas nucleares existentes, 4.300 estão a postos e cerca de 1.800 encontram-se em estado de alerta operacional. Em comparação, esse número era em 2010 de 22.600, das quais 7.650 operacionais, segundo os dados anuais do SIPRI.
A redução do número de ogivas nucleares deve-se sobretudo aos Estados Unidos e à Rússia, que têm, respectivamente 7.260 e 7.500, ou seja, 90% do arsenal mundial.
Estes dois países estão, contudo, empenhados em “importantes e dispendiosos programas de modernização dos seus sistemas de disparo, ogivas nucleares e respectiva produção”, afirmou Shannon Kile, investigador do SIPRI, citado em comunicado.
As outras potências nucleares ou continuam também a desenvolver e a instalar novos sistemas ou anunciaram já a intenção de o fazer.
“Apesar do renovado interesse internacional em tornar prioritário o desarmamento nuclear, os programas de modernização em marcha nos países que possuem armas nucleares sugerem que nenhum deles renunciará ao seu arsenal num futuro próximo”, sublinha Kile.
O relatório anual do SIPRI destaca também que em 2014 houve 62 operações internacionais de paz, mais três que no ano anterior, embora o número de efectivos nelas envolvidos se tenha reduzido em 20%, para 162.052.
Em consequência do fim da missão da Força Internacional de Assistência para a Segurança (ISAF) no Afeganistão, África tornou-se um foco ainda maior deste tipo de operações, abarcando grande parte delas e mais pessoal deslocado que todas as outras combinadas, aponta o SIPRI.
Lusa