Poares Maduro e Sérgio Monteiro. © Joao Relvas/Lusa
Na lógica de Costa, quanto mais poeira atirar para os olhos da malta, melhor. Porque, na realidade, é disso mesmo que se trata. De poeira. O negócio da TAP é, em linhas gerais, este: o Estado recebeu 10 milhões de euros pela venda de 61% do capital da TAP e, ao mesmo tempo, viu-se livre do passivo de 1060 milhões, que o novo accionista assume por inteiro.
A empresa tem um capital negativo de 500 milhões, buraco que a coloca em falência técnica, e o novo accionista pode, ao contrário do Estado, por imposição de normas europeias, recapitalizar a empresa. Aliás, injecta na empresa, de imediato, 344 milhões de euros. Milhões que sairão do bolso dele e não dos nossos, via impostos.
Costa compara o negócio ao contrato que Jesus assinou com o Sporting. Poeira nos olhos da malta. Porque, na realidade, ninguém acredita que um indivíduo que queira ser primeiro-ministro, e que se diz preparado para tal, não saiba calcular devidamente o valor de uma empresa.
É se acreditarmos nestas aldrabices e ignorâncias que corremos o risco, ganhando Costa as eleições em Outubro, de voltarmos a percorrer o caminho que já sabemos onde, mais tarde ou mais cedo, nos conduzirá.
Eu, sinceramente, não considero António Costa um ignorante. Antes pelo contrário. É por isso que tenho a certeza de que este caminho que decidiu percorrer não lhe correrá bem. O problema de Costa é pensar da mesma maneira que Sócrates. Acha que as dívidas do Estado não são para se pagar e, por isso, um passivo como o da TAP não é dívida. Por isso, 10 milhões mais a assunção do passivo é mau negócio. Sabemos bem onde esse pensamento nos levou.
Deputado.
Escreve à segunda-feira