A chanceler alemã, Angela Merkel, considerou hoje que um euro "forte" tornava mais difícil recolher os frutos das reformas feitas nos países europeus, designadamente Portugal e Espanha.
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"Um euro muito forte faz com que eles (Espanha e Portugal) só possam muito dificilmente pôr em prática as reformas e recolher os frutos destas nas exportações", declarou Merkel, imediatamente depois de ter elogiado as "importantes reformas realizadas por Portugal e Espanha".
Esta declaração da chanceler alemã, durante um congresso de empresas familiares alemãs em Berlim, contribuiu para acelerar a depreciação da moeda única ao fim da manhã desta sexta-feira.
Anteriormente o presidente da federação das empresas familiares alemãs, Brun-Hagen Hennerkes, tinha-se mostrado crítico da política monetária atual do Banco Central Europeu (BCE), que lançou em Março um vasto programa de compra de dívida e contribuiu para enfraquecer a moeda única.
Por outro lado, a chanceler pediu para "compreenderem" a actuação de "um banco central, como o BCE, que reflecte o que se deve fazer quando a taxa de inflação está demasiado baixa".
"Está verdadeiramente no mandato do BCE ter atenção para que não entremos num ciclo deflacionista", defendeu Merkel, que, tendo em conta o estatuto de independência do BCE, geralmente se abstém de fazer qualquer comentário sobre as decisões desta instituição.
Como grande exportador, a Alemanha é um dos países que tirou vantagens nos últimos meses do enfraquecimento do euro, que torna os produtos alemães mais baratos no mercado internacional.
Em relação à situação da economia alemã, Merkel considerou que está "relativamente bem", mas admitiu que tal também resulta de "fatores externos", como o euro fraco e os baixos preços do petróleo.
Sobre a Grécia, a chanceler alemã insistiu na necessidade de continuar a negociar com Atenas "enquanto houver vontade de ambas as partes" para encontrar uma solução e para que aquele país possa permanecer na zona euro.
"Continuo a dizer que quando há vontade encontra-se um caminho", afirmou Merkel, defendendo que é "correcto" que se "continue e continue a falar" com Atenas.