De olhos bem abertos


O governo encerrou as suas festividades – vai começar a época balnear e logo depois são as legislativas – com a privatização da TAP. Do ponto de vista económico, é menos uma pedra no sapato dos portugueses. A companhia aérea soma prejuízos e dívida e está refém de interesses particulares, como demonstrou a recente greve…


O governo encerrou as suas festividades – vai começar a época balnear e logo depois são as legislativas – com a privatização da TAP. Do ponto de vista económico, é menos uma pedra no sapato dos portugueses. A companhia aérea soma prejuízos e dívida e está refém de interesses particulares, como demonstrou a recente greve dos pilotos.

Duvido que tenha hipóteses de sobreviver em competição com as suas congéneres internacionais, mais a mais com o advento das low-cost. Mas há uma argumentação que tem sido utilizada para pedir a suspensão desta privatização: a TAP tem um papel estratégico na afirmação internacional de Portugal e na nossa capacidade de atrair turistas. Isso seria mais verdade se Portugal tivesse algum papel no mundo, coisa que não tem. 

O nosso querido país conta zero vírgula um em termos internacionais e não é pelo facto de a TAP se manter ou não em mãos estatais que isso vai mudar. Quanto aos turistas, a verdade é que quem os tem trazido maciçamente até nós são a easyJet e a Ryanair. A decadência da TAP é de tal ordem que mesmo no mercado doméstico já são as low-cost que dominam (um voo Lisboa-Porto-Lisboa custa 20 euros pela Ryanair). A entrega da TAP a privados é apenas a última consequência do 25 de Abril. Desfeito o império colonial, a empresa que foi fundada para facilitar a ligação aérea de Portugal às suas antigas colónias deixou de ter mercado (porque estas colónias se foram) e ficou irremediavelmente emparedada entre a agressividade das novas low-cost e os privilégios antigos dos seus trabalhadores. É a vida.

 

De olhos bem abertos


O governo encerrou as suas festividades – vai começar a época balnear e logo depois são as legislativas – com a privatização da TAP. Do ponto de vista económico, é menos uma pedra no sapato dos portugueses. A companhia aérea soma prejuízos e dívida e está refém de interesses particulares, como demonstrou a recente greve…


O governo encerrou as suas festividades – vai começar a época balnear e logo depois são as legislativas – com a privatização da TAP. Do ponto de vista económico, é menos uma pedra no sapato dos portugueses. A companhia aérea soma prejuízos e dívida e está refém de interesses particulares, como demonstrou a recente greve dos pilotos.

Duvido que tenha hipóteses de sobreviver em competição com as suas congéneres internacionais, mais a mais com o advento das low-cost. Mas há uma argumentação que tem sido utilizada para pedir a suspensão desta privatização: a TAP tem um papel estratégico na afirmação internacional de Portugal e na nossa capacidade de atrair turistas. Isso seria mais verdade se Portugal tivesse algum papel no mundo, coisa que não tem. 

O nosso querido país conta zero vírgula um em termos internacionais e não é pelo facto de a TAP se manter ou não em mãos estatais que isso vai mudar. Quanto aos turistas, a verdade é que quem os tem trazido maciçamente até nós são a easyJet e a Ryanair. A decadência da TAP é de tal ordem que mesmo no mercado doméstico já são as low-cost que dominam (um voo Lisboa-Porto-Lisboa custa 20 euros pela Ryanair). A entrega da TAP a privados é apenas a última consequência do 25 de Abril. Desfeito o império colonial, a empresa que foi fundada para facilitar a ligação aérea de Portugal às suas antigas colónias deixou de ter mercado (porque estas colónias se foram) e ficou irremediavelmente emparedada entre a agressividade das novas low-cost e os privilégios antigos dos seus trabalhadores. É a vida.