A adesão de Portugal e Espanha foi assinada a 12 de Junho de 1985 em Lisboa e Madrid.
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As eleições legislativas antecipadas acontecem em Outubro, com a vitória do PSD de Cavaco Silva e a derrota histórica do PS de Almeida Santos.
A surpresa chama-se PRD, com 18%. Sem tempo a perder, a nova Assembleia da República nomeia os primeiros 24 eurodeputados portugueses em função dos resultados eleitorais.
Aqui ficam os seus nomes. Pelo PSD, o mais votado, avançaram para Estrasburgo Francisco Pinto Balsemão, Manuel Pereira, António Lacerda de Queiroz, Vasco Garcia, José Silva Domingues, Pedro Augusto Pinto, Rui Almeida Mendes, Virgílio Pereira e Fernando Condesso. O PS escolheu Luís Filipe Madeira, Rodolfo Crespo, Walter Rosa, António Coimbra Martins, Jorge Campinos e Fernando Gomes. A novidade PRDavançou com António José Fernandes, António Marques Mendes, Jorge Pegado Liz e José Medeiros Ferreira. Pelos comunistas foram José Brito Apolónia, José Barros Moura e Joaquim Miranda da Silva. Por último, o CDS escolheu Luís Beiroco e Francisco Lucas Pires.
Os 24 voaram felizes na companhia da brigada espanhola para Estrasburgo, num voo ibérico muito especial. O próprio presidente da Assembleia da República, Fernando Amaral, fez questão de integrar a comitiva lusa. No aeroporto da cidade francesa foram recebidos com pompa e circunstância pelo presidente do Parlamento Europeu, Pierre Pflimlin. Foi uma autêntica festa. E mais festa aconteceu no dia seguinte, já no Parlamento Europeu, com a colocação da bandeira portuguesa ao lado dos parceiros mais velhos da Comunidade Económica Europeia.
Depois começou a descoberta do labirinto europeu, da cantina aos gabinetes, das práticas e rituais há muito instituídos pela burocracia europeia, comandada por experientes franceses e alemães. Os portugueses, com o francês e o inglês mais ou menos na ponta da língua, conseguiam abrir portas e portinhas sem grandes dificuldades. A brigada espanhola, orgulhosa do seu castelhano, lançou a grande confusão, sem uma palavra de francês ou inglês.
Os gestos, muitos, e a ajuda dos amigos portugueses e dos italianos varreram quase todos os obstáculos. Como os dos câmbios. Era hilariante ver conhecidos eurodeputados espanhóis no balcão do único banco do Parlamento Europeu a trocar pesetas e francos belgas, a moeda dos pagamentos do Parlamento Europeu, em francos franceses para gastarem em Estrasburgo. Acabada a festa, veio o trabalho. E que trabalho. O parlamento ia votar o primeiro euromilhões para o país e andava tudo de cábula na mão para não se enganar nas rubricas do orçamento. Uma coisa é certa: os ibéricos deixaram os burocratas com mais cabelos brancos.