PSD admite regresso de Relvas nas legislativas

PSD admite regresso de Relvas nas legislativas


A possibilidade de Relvas ser cabeça-de-lista em Santarém não é pacífica dentro do PSD.


“Miguel Relvas é uma figura incontornável do distrito de Santarém. Eu não viro as costas a quem esteve sempre a meu lado e que me apoiou sempre”. É assim que Nuno Serra, presidente da distrital do PSD de Santarém, afirma o seu apoio à possibilidade de Miguel Relvas voltar a ser a figura máxima do distrito na candidatura às legislativas. A decisão depende agora do próprio Relvas – que não terá tomado ainda uma opção final sobre o seu futuro – e de Pedro Passos Coelho, a quem cabe nomear os cabeças-de-lista.

Miguel Relvas já tinha sido sondado pelos cinco presidentes de câmara do distrito de Santarém que quiseram avaliar a disponibilidade do ex-homem-forte de Passos Coelho para se candidatar a deputado pelo seu círculo de sempre.
A procissão ainda vai no adro, mas a distrital de Santarém já discute os principais nomes da lista às eleições legislativas. Na última reunião, o nome de Nuno Serra, líder do PSD/Santarém, foi apontado como cabeça-de-lista, mas o presidente da câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, pôs o dedo na ferida e lembrou que era importante por “uma questão de lisura” saber se Miguel Relvas, que foi cabeça-de-lista há quatro anos, estaria disponível para o lugar.

O autarca lembrou que Passos Coelho convidou Relvas para liderar a lista ao Conselho Nacional e que era importante perceber a posição do líder do partido e do próprio Miguel Relvas. A possibilidade de o ex-ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares voltar à ribalta política não é pacífica dentro do PSD. Relvas saiu do governo desgastado com a polémica da licenciatura e foi um dos ministros mais contestados deste governo. “Não seria bom nem para o PSD, nem para ele”, diz um social-democrata. 

A convicção de alguns sociais-democratas é, porém, que será o próprio Relvas a recusar integrar a lista de deputados. “Só depende dele e de Passos Coelho, mas julgo que ele não desejará voltar”, diz um deputado. 
Miguel Relvas foi um dos homens de confiança do agora primeiro-ministro na caminhada para a liderança, mas a polémica à volta da licenciatura acabou por, após um período de resistência de quase um ano, obrigá-lo a demitir-se. 

Em Abril de 2013, num período em que o governo era alvo de vários protestos por causa das medidas de austeridade, Relvas demitiu-se por entender que já não existiam “condições anímicas para continuar”, mas quis deixar claro que saiu por “vontade própria”. E, na declaração que fez, não deixou de lembrar o seu contributo para Passos Coelho chegar ao poder. “Acreditei e lutei no interior do meu partido pela afirmação de um novo líder. Acreditei e lutei pela eleição de um novo primeiro-ministro”

Depois de ter saído do governo, Relvas optou por renunciar ao lugar de deputado – ao contrário do que fez, por exemplo, o ex-ministro da Administração Interna Miguel Macedo – e assumiu uma postura mais discreta. O ex-ministro prepara-se, porém, para voltar a ter intervenção pública com o lançamento do livro “O outro lado da governação” e já tem, pelo menos, uma entrevista marcada com uma televisão. O lançamento está marcado para dia 2 de Julho e a apresentação será feita por Durão Barroso. Actualmente, Relvas é apenas membro do Conselho Nacional. Foi convidado por Passos  para liderar a lista ao Conselho Nacional, menos de um ano após a saída do governo, apesar da decisão não ter agradado a alguns sociais-democratas.