A preparação para a temporada 2015/16 começa pelo banco. Sem treinador e restante equipa técnica, nada feito. Das 18 equipas que irão começar a próxima época na primeira liga, há apenas uma estreia absoluta, o Tondela. Quanto ao União da Madeira, será um regresso, após 20 temporadas de ausência do escalão principal do futebol português. Ainda assim, e até agora, perspectivam-se 11 mudanças nos bancos, nem todas elas confirmadas ou ainda com a equipa técnica definida: Benfica, Sporting, Sp. Braga, V. Guimarães, Belenenses, Paços de Ferreira, Estoril, V. Setúbal, Arouca, Tondela e União da Madeira.
O primeiro facto curioso é que, em ambas as equipas que subiram de divisão, o treinador será novo. No União da Madeira, Vítor Oliveira é já um clássico caso de um treinador que sobe a equipa e abandona o projecto. Fê-lo em oito ocasiões e só por duas vezes se manteve, para as épocas de 1991/92 com o Paços de Ferreira e de 1999/00 com o Belenenses. Para o seu lugar já foi contratado Norton de Matos, que na época passada treinou o Desp. Chaves, deixando o clube antes do final da temporada. No caso do Tondela, Quim Machado abandonou o clube para ir treinar uma equipa com mais anos de primeira liga, o V. Setúbal, cedendo o lugar a Vítor Paneira, que na temporada anterior esteve no Varzim, de onde foi demitido.
As restantes mudanças técnicas não se devem todas a um descontentamento das direcções face aos treinadores. Muitos foram aliciados com convites ou desafios mais aliciantes, o que acabou a abrir uma vaga na equipa onde estavam. São os casos de Jorge Jesus, que trocou o Benfica pelo Sporting, Rui Vitória, que aproveita a vaga na Luz para deixar o V. Guimarães (apresentação espera-se até sexta-feira), e Paulo Fonseca, que tudo indica que trocará o P. Ferreira pelo Sp. Braga. É a dança das cadeiras que, nestas quatro alterações e na melhor das hipóteses, concederá apenas uma vaga a um treinador fora do círculo da liga.
Sporting e Sp. Braga iniciaram seis das últimas sete temporadas com um novo treinador a liderar a equipa
No distrito de Lisboa, Belenenses e Estoril seguiram a tendência dos grandes e também vão mudar de treinador. Sá Pinto vai assumir o comando do Belenenses, depois de curtas passagens pelo Estrela Vermelha da Sérvia e o OFI Creta da Grécia desde que deixou o Sporting, em 2012. No Estoril é ainda uma incógnita quem irá suceder à dupla Fabiano Soares e Hugo Leal. A norte há mais duas mudanças. Pedro Emanuel deixou o Arouca pelo próprio pé, dando lugar a Lito Vidigal, que na temporada passada fez um excelente trabalho no Belenenses, de onde saiu ainda em Março por divergências com a direcção. Caso se confirme a mudança de Paulo Fonseca para Braga, o P. Ferreira terá ainda de anunciar um treinador. Carlos Carvalhal é visto como uma hipótese.
As 11 alterações que se perspectivam nos bancos da primeira liga igualam o número da temporada passada. Andando para trás, e tendo como limite a entrada de Jorge Jesus no Benfica, a época em que menos alterações se registaram foi em 2011/12, em que apenas quatro treinadores iniciaram funções numa nova equipa. Pelo caminho contam-se seis em 2009/10, oito em 2010/11, cinco em 2012/13 e sete em 2013/14.
Jorge Jesus esteve no Benfica durante seis temporadas, desde 2009/10. Durante esse tempo venceu dez troféus, incluindo três campeonatos, e alcançou duas finais da Liga Europa. Este percurso vencedor ajudou a mudar por completo a realidade do Benfica, assente numa constante insatisfação que se traduzia na mudança frequente de treinador. Desde János Biri, que treinou o Benfica entre 1939 e 1947, que o Benfica não mantinha um treinador durante tanto tempo.
Desde que Jorge Jesus assumiu o comando do Benfica, apenas a partir da temporada passada o campeonato voltou a ter 18 equipas. Durante esse período, e já a contar com a época que se avizinha, 23 clubes marcaram presença na primeira liga e 53 treinadores começaram a temporada numa nova equipa, já a contar com as trocas que se perspectivam e com os técnicos que ainda não foram anunciados. Na frente seguem o Sporting e o Sp. Braga, com seis novos treinadores no início de cada uma das sete temporadas. No Sporting, o sobrevivente foi Paulo Bento, e no Sp. Braga, Domingos Paciência. Apenas o Beira-Mar não iniciou nenhuma das três temporadas em que esteve na primeira liga com um treinador novo.
No topo da lista de treinadores que deram um novo rumo à sua carreira noutro clube no início destas sete temporadas está Paulo Fonseca. O ainda treinador do Paços de Ferreira soma três novos clubes neste período, duas delas no Paços de Ferreira e outra no FC Porto, tudo indicando agora que vá a caminho do quarto, o Sp. Braga. Com estreias em dois novos clubes a arrancar a temporada surgem Domingos Paciência (Sp. Braga e Sporting), Paulo Sérgio (Sporting e Académica), Manuel Machado (V. Guimarães e Nacional), Jorge Jesus (Benfica e Sporting), Rui Vitória (P. Ferreira e Benfica) e Pedro Emanuel (Académica e Arouca).
Os resistentes Até prova em contrário, serão sete os treinadores que se mantêm, com destaque para Julen Lopetegui no FC Porto. O espanhol terá a “companhia” de Pedro Martins (Rio Ave), IvoVieira (Marítimo), Miguel Leal (Moreirense), José Viterbo (Académica), Manuel Machado (Nacional) e Petit (Boavista). De resto, é como uma dança de cadeiras: são quase sempre os mesmos, mas sentam-se noutros lados.