O Capuchinho Vermelho


O que estimula a transmutação de “Capucho o laranja”, ex-dirigente expulso do PSD,  num secundário Capuchinho Vermelho contratado para entreter o circo socialista? 


A notícia mais importante desta semana foi a intervenção realizada por António Capucho na Convenção Nacional do PS, realizada este fim-de-semana para aprovação do programa eleitoral socialista às próximas eleições legislativas, previsivelmente em Outubro deste ano. 

Longa pausa. Neste interlúdio, o leitor tenta lembrar o que raio terá perdido de extraordinário. O que terá escapado à sua atenção? Perplexidade e preocupação por se sentir desinformado. 

Não se preocupe, estava a brincar. O universo mantém a sua ordem, o espaço e o tempo, e todas as formas de matéria, incluindo todos os planetas, as estrelas e as galáxias estão constantes com as leis da física que o governam desde o Big Bang. 

O primeiro parágrafo foi apenas um exercício para demonstrar que uma informação perfeitamente irrelevante, por breves instantes, pode parecer algo de uma importância imprescindível.
No entanto e voltando ao evento do PS, Capucho esteve lá e falou. O que coloca pelo menos uma questão de interessante resposta, para quem ainda tem dúvidas e alberga esperanças, no que respeita ao verdadeiro sentido e rumo para o futuro desenhado pela direcção de António Costa. 

Mas, afinal, qual é a mais-valia e o que estimula a transmutação de “Capucho o laranja”, grandiloquente ex-dirigente expulso do PSD, num secundário Capuchinho Vermelho contratado para entreter o circo socialista? 
Demência? Arrependimento? Nada disso. Para António, ex-edil da vila de Cascais e ex-quase tudo porque sempre quis tudo, só existe uma única prioridade e objectivo: a manutenção do status. É uma questão, digamos, de uma personalidade peculiar.

Capucho faz parte da elite que levou o país ao desastre. Durante 37 anos, de 1975 a 2011, exerceu todo o tipo de funções partidárias e políticas, como presidente de câmara, deputado, secretário de Estado, ministro e conselheiro de Estado, enfim, um fartote. 

Tudo se precipitou quando, em 2011, Pedro Passos Coelho apresentou a proposta de Fernando Nobre como candidato a presidente da Assembleia da República. 

Capucho ficou instável, considerou tal proposta um desrespeito pela sua figura e desdobrou-se em inúmeras declarações públicas de auto-elogio. Passou a insultar Fernando Nobre, que até aí considerava extraordinariamente, e ameaçou Passos Coelho. 

Vale a pena recordar quando, pedindo desculpa pela sua imodéstia, afirmava: “Só há duas pessoas que me podiam legitimamente ultrapassar na candidatura a presidente da Assembleia da República: Ferreira Leite ou Mota Amaral.” 

Ferreira Leite, a tal da suspensão da democracia, ou Mota Amaral, um espectro da Opus Dei que ensombra os corredores da Assembleia desde a Acção Nacional Popular do fascismo marcelista. 

Mas as coisas pioraram quando, na expectativa de lhe repararem a desfeita, se ofereceu, por epístola registada, para assumir os cargos de presidente do CCB, da Santa Casa da Misericórdia ou da Cruz Vermelha. Preterido nas suas expectativas, passou definitivamente para a oposição. Tudo tem limites.

Fizeram toda uma boa vida a servir-se do erário publico. Encaram-se como predestinados e intocáveis, são a casta para quem o Estado é palco para obter benefícios pessoais, traficar influências e passear vaidades. 

Agora, o PS que sinais quer enviar? Que a velha direita excluída das mordomias encontra conforto na compreensão socialista? Que a casa da direita inconformada é o PS? Que não existem tantas diferenças assim e, num futuro sem maioria, podem ser estes homens bicolores as pontes para o bloco central?
Para os cidadãos, gente como António Capucho são os “mesmos de sempre”, têm zero de moral e merecem zero de confiança.

Para o PS seria um desastre cair na tentação de fazer de flautista de Hamelin, atraindo com a sua música, num cortejo grotesco, ratões gordos de refugo da direita, sobras ressabiadas que só anseiam voltar aos gabinetes climatizados e aos carros de serviço. 

Hoje com 70 anos, um ego atormentado e consumido pelo rancor e o ressentimento, Capucho oferece o que tem: a sombra de uma ilusão.

Porém, vai avisando: “Se for convidado para voos mais altos, não digo que não.” Pois é, as aves de rapina têm um apetite voraz.

Consultor de comunicação
Escreve às quintas-feiras

O Capuchinho Vermelho


O que estimula a transmutação de “Capucho o laranja”, ex-dirigente expulso do PSD,  num secundário Capuchinho Vermelho contratado para entreter o circo socialista? 


A notícia mais importante desta semana foi a intervenção realizada por António Capucho na Convenção Nacional do PS, realizada este fim-de-semana para aprovação do programa eleitoral socialista às próximas eleições legislativas, previsivelmente em Outubro deste ano. 

Longa pausa. Neste interlúdio, o leitor tenta lembrar o que raio terá perdido de extraordinário. O que terá escapado à sua atenção? Perplexidade e preocupação por se sentir desinformado. 

Não se preocupe, estava a brincar. O universo mantém a sua ordem, o espaço e o tempo, e todas as formas de matéria, incluindo todos os planetas, as estrelas e as galáxias estão constantes com as leis da física que o governam desde o Big Bang. 

O primeiro parágrafo foi apenas um exercício para demonstrar que uma informação perfeitamente irrelevante, por breves instantes, pode parecer algo de uma importância imprescindível.
No entanto e voltando ao evento do PS, Capucho esteve lá e falou. O que coloca pelo menos uma questão de interessante resposta, para quem ainda tem dúvidas e alberga esperanças, no que respeita ao verdadeiro sentido e rumo para o futuro desenhado pela direcção de António Costa. 

Mas, afinal, qual é a mais-valia e o que estimula a transmutação de “Capucho o laranja”, grandiloquente ex-dirigente expulso do PSD, num secundário Capuchinho Vermelho contratado para entreter o circo socialista? 
Demência? Arrependimento? Nada disso. Para António, ex-edil da vila de Cascais e ex-quase tudo porque sempre quis tudo, só existe uma única prioridade e objectivo: a manutenção do status. É uma questão, digamos, de uma personalidade peculiar.

Capucho faz parte da elite que levou o país ao desastre. Durante 37 anos, de 1975 a 2011, exerceu todo o tipo de funções partidárias e políticas, como presidente de câmara, deputado, secretário de Estado, ministro e conselheiro de Estado, enfim, um fartote. 

Tudo se precipitou quando, em 2011, Pedro Passos Coelho apresentou a proposta de Fernando Nobre como candidato a presidente da Assembleia da República. 

Capucho ficou instável, considerou tal proposta um desrespeito pela sua figura e desdobrou-se em inúmeras declarações públicas de auto-elogio. Passou a insultar Fernando Nobre, que até aí considerava extraordinariamente, e ameaçou Passos Coelho. 

Vale a pena recordar quando, pedindo desculpa pela sua imodéstia, afirmava: “Só há duas pessoas que me podiam legitimamente ultrapassar na candidatura a presidente da Assembleia da República: Ferreira Leite ou Mota Amaral.” 

Ferreira Leite, a tal da suspensão da democracia, ou Mota Amaral, um espectro da Opus Dei que ensombra os corredores da Assembleia desde a Acção Nacional Popular do fascismo marcelista. 

Mas as coisas pioraram quando, na expectativa de lhe repararem a desfeita, se ofereceu, por epístola registada, para assumir os cargos de presidente do CCB, da Santa Casa da Misericórdia ou da Cruz Vermelha. Preterido nas suas expectativas, passou definitivamente para a oposição. Tudo tem limites.

Fizeram toda uma boa vida a servir-se do erário publico. Encaram-se como predestinados e intocáveis, são a casta para quem o Estado é palco para obter benefícios pessoais, traficar influências e passear vaidades. 

Agora, o PS que sinais quer enviar? Que a velha direita excluída das mordomias encontra conforto na compreensão socialista? Que a casa da direita inconformada é o PS? Que não existem tantas diferenças assim e, num futuro sem maioria, podem ser estes homens bicolores as pontes para o bloco central?
Para os cidadãos, gente como António Capucho são os “mesmos de sempre”, têm zero de moral e merecem zero de confiança.

Para o PS seria um desastre cair na tentação de fazer de flautista de Hamelin, atraindo com a sua música, num cortejo grotesco, ratões gordos de refugo da direita, sobras ressabiadas que só anseiam voltar aos gabinetes climatizados e aos carros de serviço. 

Hoje com 70 anos, um ego atormentado e consumido pelo rancor e o ressentimento, Capucho oferece o que tem: a sombra de uma ilusão.

Porém, vai avisando: “Se for convidado para voos mais altos, não digo que não.” Pois é, as aves de rapina têm um apetite voraz.

Consultor de comunicação
Escreve às quintas-feiras