Allan Toledo, antigo vice-presidente do Banco do Brasil (BB) e actual executivo do Banco Banif Brasil, foi detido ontem à tarde pela Polícia Federal brasileira. Em causa estão suspeitas de crime de fraude fiscal e branqueamento de capitais.
A notícia foi avançada pelo jornal “Estado de S. Paulo”, que esclarece que Toledo foi detido preventivamente por um prazo máximo de cinco dias. Até 2012, Toledo era responsável pelas áreas de negócios internacionais e private banking no BB. Acabaria por sair da instituição por suspeitas de ter participado num movimento que visava abalar o então presidente Aldemir Bendine e ocupar a sua posição.
A mesma publicação escreve que o Banif Brasil é o “alvo central da Operação Porto Victoria” e que Toledo já tinha sido alvo de uma investigação interna, no Banco do Brasil, após terem sido detectados depósitos de somas avultadas nas suas contas, sem que fosse possível identificar a sua proveniência. Fontes do sector em Portugal disseram ao i que a detenção de Toledo se prende somente com a sua actuação no Banco do Brasil. A instituição não quis comentar o caso e a assessoria do Banco Banif Brasil também já informou que não haverá comentários sobre o assunto.
A Polícia Federal brasileira começou a investigar o caso no ano passado, depois de as autoridades norte-americanas – US Immigration and Customs Enforcement (ICE) – terem pedido ajuda para averiguar a ligação de um brasileiro a uma rede especializada em branqueamento de capitais e fraude fiscal a actuar em cinco países: EUA, Brasil, Hong Kong, Reino Unido e Venezuela.
Segunda investigação Esta é mais uma investigação que envolve o nome do Banif Brasil em poucos anos. Uma auditoria interna desencadeada por Jorge Tomé, presidente do Banif, quando tomou posse, deu origem a uma investigação do Banco Central do Brasil à instituição. Em causa estavam vários indícios de irregularidades no Banif Brasil.
Entre elas, a concessão de empréstimos sem utilização de modelo de avaliação de risco; a realização de operações que ultrapassavam o valor máximo estipulado pelo estatuto social da empresa; a não realização de registos das garantias de várias operações; o não cumprimento de algumas normas impostas pelo Banco Central do Brasil; comissões recebidas acima do praticado no mercado; a composição de recursos novos para clientes com problemas financeiros graves, entre outros.
Em 2013, os advogados que representam o Banif no Brasil entregaram uma providência cautelar que pretendia que fosse interrompido o prazo de prescrição das irregularidades detectadas, de forma a poderem avançar para processos.