Braga vê mais longe


Mais de 800 crianças foram avaliadas no hospital de Braga através do projecto Pimpolho, uma iniciativa orientada para a prevenção e tratamento da ambliopia.


A expressão que dá título a este texto foi a assinatura com que os dois promotores do projecto “Pimpolho” – a Câmara Municipal de Braga (CMB) e o hospital de Braga (HB) – quiseram assinalar a criação de uma parceria pioneira na esfera da prevenção para a saúde, corporizada num diagnóstico precoce de ambliopia às crianças do concelho.

Mas poderá perguntar: o que leva uma autarquia a assumir competências e encargos numa área para a qual não está naturalmente vocacionada e que não lhe está legalmente cometida? Ou porque deverá um hospital público, ainda que sob gestão privada, alocar recursos (instalações, técnicos, médicos, materiais) para disponibilizar um serviço sem qualquer tipo de retorno económico directo e que não lhe era formalmente exigido? 

Desde Maio do ano transacto, 881 crianças de mais de 70 jardins-de-infância do concelho de Braga que completam, a cada ano, quatro anos de idade, foram avaliadas no hospital de Braga através do projecto Pimpolho, uma iniciativa orientada para a prevenção e tratamento da ambliopia, sinalizando as crianças das escolas do concelho com esta patologia ou factores de risco ambliogénicos.

Ao longo deste primeiro ano, do universo de 881 crianças, foram sinalizadas 219 das quais resultou o diagnóstico de 11 estrabismos, 35 astigmatismos elevados, 11 hipermetropias elevadas e outras 23 patologias oftalmológicas que passaram a ser acompanhadas no hospital de Braga. No que concerne à ambliopia foram detectadas 42 crianças que sofriam desta patologia, das quais 29 são consideradas moderadas ou graves, e 13 ligeiras.

Visto sob outro prisma, é possível concluir que uma em cada 30 crianças observadas do concelho de Braga sofre de ambliopia, o que são números extremamente impactantes porquanto esta patologia pode condicionar irreversivelmente o potencial de desenvolvimento das crianças em causa nas suas diferentes esferas de intervenção na sociedade.

Possibilitar a detecção atempada da patologia e aumentar o nível de conhecimento dos pais, para que possam estar mais atentos aos sintomas, estimula o acompanhamento precoce das crianças, minorando a agressividade das técnicas terapêuticas e aumentando a sua probabilidade de sucesso pleno.

A ambliopia, também conhecida por “olho preguiçoso”, é a principal causa da baixa visão e cegueira, contribuindo, mais que todas as outras patologias, para a perda visual da criança. 

Como bem lembrava a dra. Sandra Guimarães, do Serviço de Oftalmologia do hospital de Braga e principal mentora do projecto, é reconhecido que o tratamento é muito mais eficaz em crianças até aos cinco anos de idade, atingindo taxas de sucesso de 100%.

Se esse é, naturalmente, o benefício directo mais relevante desta iniciativa, o balanço do primeiro ano de funcionamento do projecto permitiu evidenciar outros factores de ganho para o conjunto da comunidade. 

Afinal se, em vez das cerca de 30 crianças que são semanalmente atendidas no hospital serem transportadas pela câmara em articulação com as escolas (públicas e privadas) do concelho, as mesmas tivessem de se dirigir ao médico acompanhadas dos seus pais, os mesmos teriam de faltar equivalente período aos seus empregos, enquanto esta visita conjunta, quase lúdica, desmistifica a imagem potencialmente negativa das unidades de saúde junto do público jovem.

Por tudo isto, se se perguntar porque é que a CMB e o HB promovem o projecto Pimpolho, a resposta só pode ser uma: porque Braga vê mais longe…

Presidente da Câmara de Braga, escreve à quinta-feira

Braga vê mais longe


Mais de 800 crianças foram avaliadas no hospital de Braga através do projecto Pimpolho, uma iniciativa orientada para a prevenção e tratamento da ambliopia.


A expressão que dá título a este texto foi a assinatura com que os dois promotores do projecto “Pimpolho” – a Câmara Municipal de Braga (CMB) e o hospital de Braga (HB) – quiseram assinalar a criação de uma parceria pioneira na esfera da prevenção para a saúde, corporizada num diagnóstico precoce de ambliopia às crianças do concelho.

Mas poderá perguntar: o que leva uma autarquia a assumir competências e encargos numa área para a qual não está naturalmente vocacionada e que não lhe está legalmente cometida? Ou porque deverá um hospital público, ainda que sob gestão privada, alocar recursos (instalações, técnicos, médicos, materiais) para disponibilizar um serviço sem qualquer tipo de retorno económico directo e que não lhe era formalmente exigido? 

Desde Maio do ano transacto, 881 crianças de mais de 70 jardins-de-infância do concelho de Braga que completam, a cada ano, quatro anos de idade, foram avaliadas no hospital de Braga através do projecto Pimpolho, uma iniciativa orientada para a prevenção e tratamento da ambliopia, sinalizando as crianças das escolas do concelho com esta patologia ou factores de risco ambliogénicos.

Ao longo deste primeiro ano, do universo de 881 crianças, foram sinalizadas 219 das quais resultou o diagnóstico de 11 estrabismos, 35 astigmatismos elevados, 11 hipermetropias elevadas e outras 23 patologias oftalmológicas que passaram a ser acompanhadas no hospital de Braga. No que concerne à ambliopia foram detectadas 42 crianças que sofriam desta patologia, das quais 29 são consideradas moderadas ou graves, e 13 ligeiras.

Visto sob outro prisma, é possível concluir que uma em cada 30 crianças observadas do concelho de Braga sofre de ambliopia, o que são números extremamente impactantes porquanto esta patologia pode condicionar irreversivelmente o potencial de desenvolvimento das crianças em causa nas suas diferentes esferas de intervenção na sociedade.

Possibilitar a detecção atempada da patologia e aumentar o nível de conhecimento dos pais, para que possam estar mais atentos aos sintomas, estimula o acompanhamento precoce das crianças, minorando a agressividade das técnicas terapêuticas e aumentando a sua probabilidade de sucesso pleno.

A ambliopia, também conhecida por “olho preguiçoso”, é a principal causa da baixa visão e cegueira, contribuindo, mais que todas as outras patologias, para a perda visual da criança. 

Como bem lembrava a dra. Sandra Guimarães, do Serviço de Oftalmologia do hospital de Braga e principal mentora do projecto, é reconhecido que o tratamento é muito mais eficaz em crianças até aos cinco anos de idade, atingindo taxas de sucesso de 100%.

Se esse é, naturalmente, o benefício directo mais relevante desta iniciativa, o balanço do primeiro ano de funcionamento do projecto permitiu evidenciar outros factores de ganho para o conjunto da comunidade. 

Afinal se, em vez das cerca de 30 crianças que são semanalmente atendidas no hospital serem transportadas pela câmara em articulação com as escolas (públicas e privadas) do concelho, as mesmas tivessem de se dirigir ao médico acompanhadas dos seus pais, os mesmos teriam de faltar equivalente período aos seus empregos, enquanto esta visita conjunta, quase lúdica, desmistifica a imagem potencialmente negativa das unidades de saúde junto do público jovem.

Por tudo isto, se se perguntar porque é que a CMB e o HB promovem o projecto Pimpolho, a resposta só pode ser uma: porque Braga vê mais longe…

Presidente da Câmara de Braga, escreve à quinta-feira