A liderança do Partido Liberal–Democrata britânico também está em jogo, já que as recentes eleições no Reino Unido deixaram o grupo parlamentar reduzido a oito elementos. Os únicos candidatos à sucessão de Nick Clegg são Tim Farron e Norman Lamb.
Os académicos britânicos ouvidos pelo i consideram que Tim Farron tem mais hipóteses de vencer a eleição interna por duas razões. Richard Toye entende que “representa mais os membros do partido”. Por seu lado, Simon Griffiths pensa que “o populismo pode ajudar nos eleitores indecisos”.
O pior resultado de sempre desde a fundação dos Liberais–Democratas, em 1988, resultou na perda de 48 lugares, tendo ficado apenas com 8 membros do Parlamento – os mesmos que os Unionistas Democráticos da Irlanda do Norte e menos que o Partido Nacional Escocês. Uma situação que preocupa o candidato Tim Farron é a não existência de mulheres no grupo parlamentar. No futuro, a lista de nomes para a Câmara dos Comuns vai assegurar mais oportunidades aos elementos do sexo feminino. Por seu lado, Norman Lamb aposta na despenalização das drogas leves para ser eleito.
Liberalismo Na apresentação da candidatura, Tim Farron manifestou descontentamento em relação ao desaparecimento dos movimentos liberais no Reino Unido. Num país marcado pelo conservadorismo nas políticas, mas também nos costumes, os liberais sentem dificuldades em impor as suas ideias. Simon Griffiths assegura que “os britânicos sempre foram mais conservadores”.
A sobrevivência de um partido que esteve no primeiro governo de David Cameron é um assunto que vai dominar a agenda política nos próximos cinco anos. O professor da Universidade de Londres não consegue prever o futuro dos Liberais--Democratas. Simon Griffiths entende que “podem acabar por desaparecer ou voltarem a reerguer-se”. No entanto, não tem dúvidas sobre o colapso da estrutura partidária. O docente refere que “nos últimos cinco anos o partido mudou muito porque alguns membros liberais saíram”, tendo levado a divisões internas. Richard Toye tem uma opinião diferente do seu colega de profissão. O professor da Universidade de Exeter considera que “os Liberais-Democratas não irão desaparecer totalmente porque conseguiram aguentar-se muito tempo no Parlamento e os seus membros costumam ser leais em todos os momentos da vida partidária”.
União A recente morte do antigo líder Charles Kennedy provocou uma onda de solidariedade em todo o partido. A família revelou que o ex-responsável máximo não conseguiu vencer a batalha contra o alcoolismo. A caminhada de Kennedy na política começou aos 15 anos no Partido Trabalhista. No entanto, a sua simpatia pelas liberdades individuais fê-lo mudar de cor política. Na oposição combateu fortemente a invasão do Iraque determinada pelo governo trabalhista de Tony Blair em 2003, embora tenha admitido alguma simpatia pelo anterior primeiro-ministro. Morto, pode unir o partido.