Pastéis de nata são “uma espécie de fado doce”

Pastéis de nata são “uma espécie de fado doce”


P&R Vicente Themudo de Castro


Os pastéis de nata têm sido um sucesso um pouco por todo o mundo. A que se deve isso? 

O pastel de nata ganha fama por várias razões: é um bolo de pequena dimensão, não é muito doce, come-se em poucas dentadas e é de baixas calorias. Quando bem confeccionado, não passa das 120 kcal.

É um sucesso para qualquer negócio?

É uma pergunta difícil, pois os pastéis são sempre um sucesso quando servidos, seja como companhia do café ou como o deleite do fim da refeição.

O ex-ministro da Economia falou na necessidade de exportar este produto. Esta visão pecou por ser tardia?

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É uma pergunta com rasteira. Quando o ministro falava, já muitos eram exportados, principalmente por empresas dos nossos vizinhos, mas empresas como a Vasco da Gama, em Coimbra, também já o fazem há alguns anos. A receita, sim, já é exportada, copiada e adulterada desde os anos 70, pelo mundo fora.

Os pastéis de nata estão presentes em quantos países?

Há vários países com relevância. Espanha, China, Índia, África do Sul, Suíça, França, EUA, Canadá, Reino Unido… bem, no fundo, sempre que há uma comunidade de portugueses mais vasta, há pastel de nata. É uma forma muito peculiar e sentimental de matar saudades da terra, uma espécie de fado doce.

Quantos são vendidos por dia ou mês?

Não tenho acesso a esses números, mas certamente vários milhares em venda local e outros tantos em exportação.

O que poderia mais ser feito por este negócio?

Uma vez que não é património mundial, nem sequer nacional, é sempre difícil, mas há muitos países que adaptam a receita aos “gostos” locais. Por exemplo, na China adicionam frutas cristalizadas; em França e no Reino Unido, algumas casas fazem com chocolate. Enfim, a receita deveria ser respeitada e, quando alterada ou adulterada, davam outro nome.

É importante que continuem a existir concursos para distinguir os melhores?

São sempre interessantes para o público, porque há sempre o fascínio de provar o melhor, e ajuda a melhorar a qualidade da receita, porque as casas que não respeitavam a receita querem ganhar e, logo, melhoram e respeitam mais o receituário.