A hegemonia da China e a política externa norte-americana foram motivos para a realização de um colóquio organizado pela Livraria Ler Devagar em Lisboa.
Na sessão que contou a presença dos investigadores Bernardo Pires de Lima e Paulo Gorjão, além da professora universitária Raquel Vaz Pinto, ficou evidente uma preocupação para não isolar Pequim. Os factores para os Estados Unidos apostarem num diálogo permanente com o regime chinês abrangem questões económicas, militares e políticas.
O director do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança, Paulo Gorjão, afirmou que "a China está a tomar várias medidas desestabilizadoras na região", tendo destacado as últimas ofensivas efectuadas por Pequim. Por seu lado, Bernardo Pires de Lima, preferiu realçar a atitude de Barack Obama "ao nunca ter definido uma estratégia para a China e a Índia".
Os dois investigadores têm opiniões diferentes sobre a posição de liderança dos Estados Unidos em algumas regiões do mundo. Paulo Gorjão acredita que o surgimento do poderio chinês "não coloca em causa a posição de supremacia norte-americana". Ao invés, Bernardo Pires de Lima garante que "Washington já não tem capacidade para controlar o Médio Oriente nem a Ásia". No seu entendimento, o isolamento de Pequim não é a melhor forma de tentar defender os próprios interesses norte-americanos.
As relações com a China são a prioridade para a actual administração liderada por Barack Obama que cessa funções no final de 2016. A docente universitária assegura que "a China é o maior decisor estratégico dos Estados Unidos neste século".
O crescimento e as decisões políticas de Pequim nos últimos anos surpreenderam Raquel Vaz Pinto. Em sua opinião, estamos perante "um regime com atitude pragmática e realista porque pensam no curto e longo prazo", o que a torna "na ditadura mais sofisticada do mundo".
Os três especialistas alertaram o actual presidente norte-americano para a necessidade de uma mudança política face ao seu principal concorrente económico e militar.