Contas bancárias. Como poupar mais de 100 euros anuais

Contas bancárias. Como poupar mais de 100 euros anuais


Domiciliar o ordenado continua a ser a melhor estratégia para cortar despesas nas contas à ordem. 


Ter uma conta bancária implica sempre custos e, mesmo que não subscreva qualquer tipo de produtos ou serviços, os bancos cobram comissões de manutenção apenas por ter a conta disponível. Recorrer ao homebanking poderá ser uma alternativa para gastar menos e consegue economizar mais de 60 euros por ano. Essa poupança poderá ser ainda maior se aliar a net à domiciliação de ordenado, e já poderá poupar mais de 100 euros anuais. 

“Os bancos incentivam cada vez mais os seus clientes a utilizarem a internet, onerando os produtos que exigem deslocação à agência. É o caso das transferências interbancárias ao balcão, cujo custo médio aumentou 5,3%. Passar dinheiro de um banco para outro sem recorrer ao homebanking custa agora 5,17 euros, em média”, alerta a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO).

De acordo com a ronda feita pela associação, apenas o Barclays, Caja Duero e Crédito Agrícola continuam a não beneficiar os clientes por domiciliarem o ordenado. “Além de não cobrar encargos de manutenção, a maioria das contas-ordenado elimina ou reduz substancialmente algumas comissões, como as transferências pela net e a anuidade do cartão de débito. Banco BPI, Best Bank, Deutsche Bank e Montepio isentam ainda das anuidades dos cartões de crédito”, refere.

O que fazer? Caso já tenha uma conta- -corrente tradicional, basta pedir a requalificação para conta-ordenado junto do seu banco e apresentar os últimos recibos de vencimento e/ou uma declaração da entidade patronal com o vencimento mensal. Os bancos não cobram pela alteração e, na maior parte dos casos, só exigem um ordenado igual ou superior a 500 euros. 

Além do valor que pode poupar em comissões, pode também contar com uma linha de crédito. Ou seja, o banco disponibiliza um valor equivalente ao salário ou superior. “Não convém usá-lo com frequência, já que acarreta custos – a taxa anual de encargos efectiva global varia entre cerca de 12 e 20% –, mas é um descanso saber que tem essa bolsa de oxigénio para situações de emergência.” 

Ter conta à ordem continua a representar custos elevados, e esses gastos têm vindo a aumentar todos os anos

Se não puder pedir a requalificação – por exemplo, porque já tem o ordenado domiciliado noutra conta associada ao crédito da casa –, a aposta deverá recair no homebanking. “O simples facto de deixar de fazer operações ao balcão (por exemplo, transferências, pedidos de cheques e transacção de acções) e passar a fazê‑las pela net ou pelo telemóvel pode valer-lhe uma poupança anual na ordem dos 63 euros. Poupa nos custos, no tempo e nas deslocações. Além disso, é muito mais prático e tão ou mais seguro do que ir ao multibanco”, diz.

Contas-base Para travar as comissões cobradas pela banca, a associação lançou uma petição em Julho de 2013 pedindo o fim das comissões nas contas à ordem. Em resposta, o Banco de Portugal apresentou as contas-base. Mediante o pagamento de uma comissão, o cliente teria direito a um conjunto de serviços, como a manutenção e gestão da conta, cartão de débito, homebanking, transferências interbancárias nacionais e três levantamentos por mês ao balcão.

“Mas as promessas não passaram disso mesmo. Os resultados do nosso estudo demonstram que, em regra e apesar de esta comissão não depender do saldo médio, as contas–base ficam ainda mais caras do que as contas à ordem tradicionais. Com esta decisão, o Banco de Portugal não só veio reconhecer a legitimidade da cobrança de comissões como não cria uma alternativa viável – já que, na prática, pouco ou nada acrescenta a outras contas que existem no mercado –, nem tão-pouco ajuda os consumidores portugueses a livrarem-se de encargos que não devem”, acrescenta.

Segundo a ronda feita pela DECO, existem oito bancos a oferecer este produto – Banco BIC, Banco BPI, BBVA, Caixa Geral de Depósitos, Crédito Agrícola, Millennium bcp, Montepio e Santander Totta – mas, segundo a mesma, as poupanças não se verificam pois, na prática, o cliente está a pagar por serviços dos quais não necessita ou para os quais dispõe de alternativas gratuitas.

E dá como exemplo os levantamentos ao balcão, que são geralmente um dos serviços mais caros e estão contemplados no preço das contas-base. Considerando as oito instituições, um levantamento em numerário custa, em média, 4,69 euros, variando entre os 2,60 euros no Banco BIC e os 10,40 euros no BBVA. “Mas se usar o multibanco poderá fazer os levantamentos que quiser de forma gratuita.” E os alertas não ficam por aqui: “O cartão de débito, ainda que seja um dos produtos com maior interesse e utilidade, também não justifica por si só a contratação de uma conta-base (apesar de a anuidade estar incluída no preço): se for cliente do ActivoBank ou domiciliar o ordenado na maioria dos bancos pode ter acesso a um cartão de forma gratuita.”

Em certos casos, as contas-base revelam-se mais caras do que algumas contas à ordem tradicionais

Outra promessa das contas-base diz respeito à sua mensalidade já incluir as comissões de manutenção. “Mas esta característica não é particularmente vantajosa pois, na maioria dos bancos, quem domicilia o ordenado também fica isento da despesa. Mais: quem não puder fazê-lo tem sempre a possibilidade de abrir conta num banco online, onde nada é cobrado”, refere.

Segundo as contas da DECO, todas as instituições arrecadam mais de 5 euros por mês na mensalidade das contas-base. “Não cumprem, por isso, o propósito para que foram criadas: posicionarem-se como uma alternativa mais barata às contas à ordem tradicionais.”

Outra alternativa às contas à ordem tradicionais e também com a promessa de serem mais baratos são os serviços mínimos. Surgida em 2011, esta solução low–cost pretendia que consumidores com dificuldades financeiras pudessem aceder a uma conta bancária a custo controlado. Este tipo de contas inclui os serviços básicos, como a constituição, manutenção e gestão, cartão de débito, movimentação através do multibanco, acesso ao homebanking e ao balcão. 

Mas nem tudo são vantagens. Este produto só interessa a quem faça uma utilização residual dos serviços bancários – por exemplo, consumidores que apenas precisem de movimentar a pensão de reforma ou receber prestações sociais –, já que o acesso é bastante limitado. “O titular não pode possuir outras contas de serviços mínimos, mesmo em bancos diferentes.” 

Bancos online agradam mais

Os bancos que operam preferencialmente através da internet são os que mais agradam aos consumidores portugueses. Esta é uma das conclusões de um estudo realizado pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO), que questionou a satisfação de mais de 30 mil consumidores portugueses, belgas, italianos e espanhóis. Desses, 8662 eram portugueses. Com as respostas foi elaborado um índice medido numa escala até 100 pontos.

O ActivoBank lidera o ranking de satisfação, seguido pelo Banco BiG, e em terceiro lugar aparece o Best Bank. Estas três entidades foram as mais apreciadas em quatro tópicos: transparência do banco (por exemplo, na informação disponibilizada), comissões e outros encargos, serviço ao cliente e facilidade na realização de operações. Destes quatro, a facilidade de realização de operações foi a que mais se destacou nas três instituições bancárias. De uma forma global, os bancos online foram também os que deixaram os clientes mais satisfeitos – 78 pontos, contra os 64 alcançados pelas instituições tradicionais.

Destas últimas, foi o BPI que mais conquistou os inquiridos, com 70 pontos ao nível da satisfação global dos serviços prestados. O Banco Credibom ficou no final da tabela, penalizado pela má avaliação das comissões e de outros encargos.

Comparando as respostas dadas nos quatro países, os belgas revelaram-se mais satisfeitos com o desempenho do seu banco, tendo alcançado 70 pontos. Os espanhóis são os que se dizem menos contentes com os serviços bancários, com 62 pontos. Quanto aos portugueses, aparecem em terceiro lugar, tendo contribuído com 64 pontos na escala de 100.