O secretário-geral do PCP acusou esta sexta-feira o Governo de "entrar de chancas" a cortar e quis esclarecer o noticiado corte de 600 milhões de euros nas pensões, mas o primeiro-ministro negou tal intenção, reiterando a necessidade de consenso.
No debate quinzenal no parlamento, Passos Coelho afirmou que "resulta precipitada qualquer conclusão de que se trate de um corte nas pensões de 600 milhões de euros".
"O Governo está comprometido com a execução do Programa de Estabilidade (PE) e os partidos que o apoiam também. A introdução de uma medida que tenha um impacto positivo na Segurança Social pode vir do lado da despesa ou da receita ou de ambas. Já assumi, enquanto primeiro-ministro, varias medidas difíceis. O que eu quero é que o problema se resolva", assegurou.
No debate parlamentar quinzenal com o primeiro-ministro, Jerónimo de Sousa insistiu no tema da sustentabilidade da Segurança Social, criticou "a ocultação da realidade" devido à proximidade das legislativas e lamentou ainda a "dramática" situação no sector das pescas.
"Vivemos tempos propícios à suspensão e ocultação da realidade porque se avizinham eleições. Quem está a falar verdade entre os membros do Governo? Foi um equívoco?", indagou, referindo-se às várias versões vindas a público sobre futuras diminuições nas pensões a pagamento, algo que classificou um "espectáculo de cortes sim, cortes não".
Passos Coelho leu passagens do PE, "apresentado pelo Governo e comunicado a Bruxelas e ao parlamento" para garantir que "não existe nenhum espectáculo" do executivo.
"A introdução de uma medida para a sustentabilidade da Segurança Social, cujo impacto está estimado em 600 milhões de euros, tem de merecer um amplo consenso social e político", afirmou o chefe do Governo, sublinhando a necessidade de entendimento para uma solução entre "o arco da governabilidade".
Jerónimo de Sousa afirmou que "o consenso parece ser a palavra mágica, mas as pessoas não são parvas" e "sabem bem o que significaram consensos entre a ‘troika' nacional (PSD, PSD e CDS-PP)", atribuindo o apelo ao entendimento como forma de "alargar a base de apoio a medidas drásticas".
"Foi o PS quem abriu a porta, através do factor de estabilidade e da condição de recursos, mas o Governo entrou de chancas (calçado com sola de madeira)", resumiu, voltando depois a um adágio popular relacionado com o mar: "Com este Governo, os lances deram todos em água".
Lusa