Luís Borrego, professor da Universidade de Coimbra e marido de Ana Abrunhosa, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro, foi constituído arguido com termo de identidade e residência. O docente responde por alegada difamação do anterior líder da instituição, Pedro Saraiva.
Tudo começou em 2013, quando algumas cartas anónimas levaram a que a Polícia Judiciária iniciasse uma investigação a Pedro Saraiva por alegados conflitos de interesse. O então presidente da CCDR do Centro viu o processo ser arquivado, não comentou o caso, mas decidiu avançar com uma queixa por difamação contra incertos e desconhecidos.
Em causa estavam as referidas cartas, que foram enviadas aos autarcas da região e continham informação que, dizem fontes conhecedoras do processo, só poderia vir de dentro da própria CCDR. Em Janeiro deste ano, Luís Borrego foi “constituído arguido e prestou termo de identidade e residência”, confirmou ao i a Procuradoria-Geral da República. “Investiga-se a prática de eventual crime de difamação.” O inquérito continua a decorrer no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Coimbra.
O i sabe que Luís Borrego foi constituído arguido depois de a Polícia Judiciária ter descoberto indícios de que os diversos documentos endereçados aos autarcas da região, em anonimato, terão partido do seu computador. Fonte próxima do processo refere ao i que não acredita “que ele tenha perfil para isso. Até porque teria de ter inside information. O teor das cartas era algo que implicava conhecimento de causa”. No mesmo sentido, as informações foram sempre libertadas em alturas específicas, como os Conselhos Regionais ou os concursos da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (CRESAP), explicou ao i uma outra fonte.
Ao longo do mandato de Pedro Saraiva – que não quis comentar o processo – houve também, várias vezes, diversa informação confidencial que acabou divulgada no blogue regional O Sexo e a Cidade, que entretanto passou a integrar o jornal “Notícias de Coimbra”. “O teor dos documentos difamatórios, bem como os próprios destinatários dos mesmos, exigem que haja conhecimento de causa”, disse ainda ao i a mesma fonte.
Recorde-se que Ana Abrunhosa foi presidente da comissão directiva da CCDR Centro entre 2008 e 2010, tendo depois passado a ocupar o cargo de vogal executiva da comissão directiva do Programa Operacional Regional Centro. Em 2014 foi nomeada presidente da CCDR Centro, sucedendo ao social-democrata Pedro Saraiva – que recentemente esteve sob holofotes ao ser aplaudido por todos os partidos pelo seu trabalho como relator na comissão parlamentar de inquérito ao BES.
O i tentou falar com Luís Borrego mas até ao fecho da edição não foi possível obter declarações do professor do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra. No mesmo sentido, não foi possível obter qualquer comentário por parte da presidente da CCDR, Ana Abrunhosa.
