O Diabo do Marinho


A corrupção é um fenómeno que tem de ser combatido sem hesitações e com determinação numa democracia desenvolvida


Como é de público conhecimento, existe uma relação não inteiramente esclarecida nos seus contornos entre Mefistófeles e o candidato a primeiro-ministro, visita do Parlamento Europeu e, quem sabe, candidato a Presidente da Republica, o causídico Marinho e Pinto.

A obsessão recorrente de abjurar dinheiros recebidos e obter, conjuntamente com a ingrata necessidade de auferir um pecúlio que lhe conceda o padrão condigno à vida na capital, comarca onde como sabemos o pecado sai mais caro, é próprio de uma alma atormentada a clamar penitência.

Se a isto juntarmos as malvadezas feitas ao cavalgado MPT e aos eleitores a quem prometeu ser paladino e mal eleito retribuiu com um valente manguito, já conto pelo menos três pecados; mentira, traição e avareza.

Diabo que estima a tradição viu logo ali uma qualidade amoral e a oportunidade de renovar as existências, e numa versão pimba de Fausto, o roliço candidato vendeu a alma ao Demónio em troca de favores políticos.

Só assim se explica a orgulhosa e repetida afirmação de que será “capaz, se for necessário, de fazer alianças com o Diabo, se isso for útil para o povo português…”

Nesse momento, seguramente, Marinho suspenderá a luta contra a corrupção, pois ela é uma filha dilecta do Mafarrico, e com a família não se brinca.

O Demo já começou a cumprir a sua parte, e na primeira assembleia geral do PDR enviou um grupo de representantes mal disfarçados de seita religiosa que fecharam o estabelecimento por falta de condições, criando o oportuno pretexto para suspender o evento impedindo assim a votação na lista adversária para o conselho nacional que poderia pôr em causa o chefe.

Marinho e Pinho e Paulo Morais com uma retórica populista, em que os apelos emocionais se sobrepõem às avaliações racionais, não necessitam de demonstrar nada, basta encenar acusações inconsequentes. Sabem que, após a poeira levantada, alguém ficará sem ver.

São homens sem uma ideia política, sem uma proposta económica ou visão estruturada do país. São políticos de estação que encontraram no tema da corrupção um nicho de mercado, são um produto da corrupção. Sem ela não existiriam como semelhanças a políticos.

Curiosamente, não se conhece um único caso de denúncia efectiva por eles feita que resultasse numa investigação concreta. Navegam à vista e às cavalitas de quem efectivamente exerce esse combate.

É aos políticos intransigentes, ao Ministério Público, a procuradores e juízes, investigadores policiais, jornalistas e aos cidadãos comuns que nos seus locais de trabalho ou nas suas organizações de classe alertam e reagem contra os múltiplos fenómenos da corrupção que devemos o conhecimento e a luta determinada contra a corrupção, não a charlatães de pose mussolinesca.

Caracterizam-se pela ausência de programas concretos e o máximo que podemos ambicionar saber é que estão inspirados por desejos grandiosos: “salvar o país”, “estabelecer uma democracia real”, “devolver a palavra ao povo”.

Porém, não conseguimos saber como pensam fazê-lo, nem quais são as suas propostas reais, no terreno institucional, económico ou mesmo internacional.

Elegem a corrupção como factor de todos os desvios e perversões do sistema democrático. Quem os escuta fica convencido de que bastaria eliminar a corrupção da esfera do humano para que se fizesse justiça planetária.

A corrupção é um fenómeno que tem de ser combatido sem hesitações e com determinação e numa democracia de-senvolvida as instituições directamente responsáveis por essa função têm de ter os meios técnicos e um quadro legislativo que lhes permita combater esse flagelo com eficácia.

Porém, a corrupção não é a raiz do problema, é uma consequência e natureza da injustiça social, da desequilibrada distribuição da riqueza, da exclusão, da fome. A corrupção fortifica onde a exploração próspera.

Marinho e Pinto e Paulo Morais não estão contra o sistema que promove as injustiças sociais e económicas e difunde a corrupção, não clamam por uma revolução ou mesmo por uma ruptura reformadora.  

Podiam ter abraçado a luta por causas tão legítimas e representativas da desestruturação do sistema democrático como a violência doméstica, o tráfico de seres humanos ou a exploração de crianças.

Se a democracia não se reinventa, pode morrer. Se deixamos que a reinventem caudilhos iluminados, morre com toda a certeza.

Consultor de comunicação

Escreve às quintas-feiras

O Diabo do Marinho


A corrupção é um fenómeno que tem de ser combatido sem hesitações e com determinação numa democracia desenvolvida


Como é de público conhecimento, existe uma relação não inteiramente esclarecida nos seus contornos entre Mefistófeles e o candidato a primeiro-ministro, visita do Parlamento Europeu e, quem sabe, candidato a Presidente da Republica, o causídico Marinho e Pinto.

A obsessão recorrente de abjurar dinheiros recebidos e obter, conjuntamente com a ingrata necessidade de auferir um pecúlio que lhe conceda o padrão condigno à vida na capital, comarca onde como sabemos o pecado sai mais caro, é próprio de uma alma atormentada a clamar penitência.

Se a isto juntarmos as malvadezas feitas ao cavalgado MPT e aos eleitores a quem prometeu ser paladino e mal eleito retribuiu com um valente manguito, já conto pelo menos três pecados; mentira, traição e avareza.

Diabo que estima a tradição viu logo ali uma qualidade amoral e a oportunidade de renovar as existências, e numa versão pimba de Fausto, o roliço candidato vendeu a alma ao Demónio em troca de favores políticos.

Só assim se explica a orgulhosa e repetida afirmação de que será “capaz, se for necessário, de fazer alianças com o Diabo, se isso for útil para o povo português…”

Nesse momento, seguramente, Marinho suspenderá a luta contra a corrupção, pois ela é uma filha dilecta do Mafarrico, e com a família não se brinca.

O Demo já começou a cumprir a sua parte, e na primeira assembleia geral do PDR enviou um grupo de representantes mal disfarçados de seita religiosa que fecharam o estabelecimento por falta de condições, criando o oportuno pretexto para suspender o evento impedindo assim a votação na lista adversária para o conselho nacional que poderia pôr em causa o chefe.

Marinho e Pinho e Paulo Morais com uma retórica populista, em que os apelos emocionais se sobrepõem às avaliações racionais, não necessitam de demonstrar nada, basta encenar acusações inconsequentes. Sabem que, após a poeira levantada, alguém ficará sem ver.

São homens sem uma ideia política, sem uma proposta económica ou visão estruturada do país. São políticos de estação que encontraram no tema da corrupção um nicho de mercado, são um produto da corrupção. Sem ela não existiriam como semelhanças a políticos.

Curiosamente, não se conhece um único caso de denúncia efectiva por eles feita que resultasse numa investigação concreta. Navegam à vista e às cavalitas de quem efectivamente exerce esse combate.

É aos políticos intransigentes, ao Ministério Público, a procuradores e juízes, investigadores policiais, jornalistas e aos cidadãos comuns que nos seus locais de trabalho ou nas suas organizações de classe alertam e reagem contra os múltiplos fenómenos da corrupção que devemos o conhecimento e a luta determinada contra a corrupção, não a charlatães de pose mussolinesca.

Caracterizam-se pela ausência de programas concretos e o máximo que podemos ambicionar saber é que estão inspirados por desejos grandiosos: “salvar o país”, “estabelecer uma democracia real”, “devolver a palavra ao povo”.

Porém, não conseguimos saber como pensam fazê-lo, nem quais são as suas propostas reais, no terreno institucional, económico ou mesmo internacional.

Elegem a corrupção como factor de todos os desvios e perversões do sistema democrático. Quem os escuta fica convencido de que bastaria eliminar a corrupção da esfera do humano para que se fizesse justiça planetária.

A corrupção é um fenómeno que tem de ser combatido sem hesitações e com determinação e numa democracia de-senvolvida as instituições directamente responsáveis por essa função têm de ter os meios técnicos e um quadro legislativo que lhes permita combater esse flagelo com eficácia.

Porém, a corrupção não é a raiz do problema, é uma consequência e natureza da injustiça social, da desequilibrada distribuição da riqueza, da exclusão, da fome. A corrupção fortifica onde a exploração próspera.

Marinho e Pinto e Paulo Morais não estão contra o sistema que promove as injustiças sociais e económicas e difunde a corrupção, não clamam por uma revolução ou mesmo por uma ruptura reformadora.  

Podiam ter abraçado a luta por causas tão legítimas e representativas da desestruturação do sistema democrático como a violência doméstica, o tráfico de seres humanos ou a exploração de crianças.

Se a democracia não se reinventa, pode morrer. Se deixamos que a reinventem caudilhos iluminados, morre com toda a certeza.

Consultor de comunicação

Escreve às quintas-feiras