Em Abril último escrevi neste espaço que a subida do dólar se devia à bolha especulativa que a administração Obama e a Reserva Federal têm criado para fazer crescer a economia a todo o custo. Ao contrário do que a narrativa dominante nos diz, e de que António Costa e Sampaio da Nóvoa se aproveitam para tirar créditos políticos, os grandes beneficiados da política monetária americana não é a economia, não são as pessoas, mas Wall Street e a especulação financeira.
Para alguns, isto pode ser espantoso, mas para outros é natural: há anos que o socialismo e as políticas estatais de impulso económico dependem da dívida e da especulação. Não há novidade nenhuma neste ponto. O que é novidade é que a realidade está a ser cada vez mais difícil de mascarar e de esconder.
Na verdade, os dados que chegam dos EUA não são animadores e a luz da recuperação ainda não surgiu ao fundo do túnel: a produção industrial está em queda, a economia está à beira da recessão e a inflação começou a espreitar. Um barril de pólvora prontinho a rebentar quando Barack Obama deixar a Casa Branca.
A crise económica que vivemos não se ultrapassa dando dinheiro às pessoas para consumirem. Até porque não há forma de saber antecipadamente como é que esse dinheiro vai ser utilizado. Não há soluções matemáticas nem caminhos fáceis. Apenas com muito esforço, poupança e investimento privado direccionado à melhoria dos produtos e redução dos custos de produção se chega lá.
Advogado. Escreve à quinta-feira