Grécia. BCE quer “acordo sólido” mas até ver não há nenhum

Grécia. BCE quer “acordo sólido” mas até ver não há nenhum


Prazo para Atenas saldar próxima tranche da dívida aos credores expira amanhã. Tsipras está em negociações com Juncker.


O primeiro-ministro grego disse ontem ter aceitado o convite para se reunir com Jean-Claude Juncker para discutir a proposta de acordo feita pelo seu governo, enquanto Berlim diz que os trabalhos se devem basear nas propostas dos credores internacionais. Num comunicado enviado aos jornalistas antes de partir para Bruxelas, Alexis Tsipras explicou que o seu governo enviou para as instituições credoras um documento com as reformas sugeridas por Atenas, tendo considerado que o que é proposto é um “compromisso justo e mutuamente benéfico” para pôr fim a “esta crise na Europa”.

“Até agora não recebemos qualquer comentário sobre a proposta, ou sobre qualquer outro documento, dos parceiros institucionais”, acrescentou. Foi essa proposta que começou a ser discutida ontem em Bruxelas com o chefe da Comissão Europeia, pelas 20h30 (hora local, menos uma em Lisboa). Não houve resultados dessa reunião até ao fecho desta edição, numa altura em que o prazo para Atenas saldar a próxima tranche de dívida está prestes a expirar, já amanhã.

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Em reacção às intenções de Tsipras, a chancelaria alemã voltou a sublinhar que as propostas das instituições credoras é que devem servir de “base” às discussões, e não um documento preparado por Atenas. “Tenho a clara impressão de que a lista [preparada pela Grécia] não será a solução para o problema”, disse Martin Jäger, porta-voz do ministro das Finanças da Alemanha.

Na segunda-feira à noite juntaram-se precisamente em Berlim, para uma reunião de emergência sobre a Grécia, a chanceler Angela Merkel, e os presidentes francês, François Hollande, e do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, Juncker e ainda a directora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. O encontro terá servido para delinear uma proposta a apresentar a Atenas – cujo plano ontem discutido, segundo a imprensa grega, prevê a reforma do IVA, a unificação gradual dos fundos de pensões, o fim das reformas antecipadas e a aceleração das privatizações.

Apesar de ter alguns pontos que deverão ir ao encontro das reivindicações dos credores, ainda haverá caminho a trilhar até ser possível um entendimento. As instituições pretendem cortes nas pensões e flexibilização do mercado de trabalho, tidos como ‘linhas vermelhas’ para o governo grego.

Também reagindo à ideia de Tsipras de apresentar a sua própria proposta, Draghi sublinhou que o BCE quer manter a Grécia na zona euro, mas que para isso é necessário um “acordo sólido” entre Atenas e os credores que “leve ao crescimento e à justiça social”, à estabilidade financeira e à sustentabilidade das finanças públicas. As declarações foram feitas pelo chefe da instituição numa conferência de imprensa na qual Draghi se recusou a avançar mais pormenores sobre as negociações em curso em Bruxelas. Sublinhou apenas que da parte dos credores há vontade de alcançar um acordo. Com Lusa