Desemprego baixa para 13% mas empregados estão aquém de 2014

Desemprego baixa para 13% mas empregados estão aquém de 2014


De Março para Abril foram criados 10,9 mil empregos, um valor que ainda não compensa a quebra anterior.


No final do ano passado, Portugal contava com 4,491 milhões de pessoas empregadas, total que até Abril deste ano caiu ligeiramente, para 4,48 milhões (0,08%, ou menos 3600 empregos), segundo os números provisórios relativos àquele mês ontem divulgados pelo INE e os divulgados pelo mesmo organismo referentes ao final de 2014. Esta evolução em Abril contrasta com a queda no desemprego no mesmo período, com a taxa a fixar-se em 13% em Abril, contra os 13,5% de final de 2014, ainda segundo o INE –  os 698,3 mil desempregados em Dezembro eram 669,8 mil em Abril. Por outro lado, a taxa de Abril ainda está acima dos 12,1% de Junho de 2011, data em que este governo entrou em funções.

Sendo apenas dados provisórios, não foram ainda divulgados os números sobre a evolução da população activa em Abril, que, todavia, no final do primeiro trimestre do ano se situava abaixo dos 5,2 milhões – longe dos 5,6 milhões de activos do pré-troika. A emigração, as reformas ou o simples desaparecimento das estatísticas – seja por desistência de procurar seja pelos milhares de estágios que vão sendo criados pelo executivo – serão factores que continuam a ajudar mais à redução do desemprego que o bom comportamento da economia.

Fechando a análise apenas à evolução mensal do desemprego, o INE refere que de Março para Abril o total de empregados subiu 10,9 mil, valor insuficiente para compensar a quebra de 14,5 mil empregos registada nos três primeiros meses do ano. Mas, como subiu, foi suficiente para o governo:“O facto de a economia portuguesa estar a gerar emprego mês após mês é um factor de esperança”, reagiu ontem Paulo Portas, por exemplo. Mas a criação de emprego a partir do segundo trimestre do ano não é uma novidade, tal como a posterior queda no total de empregados no último ou primeiro trimestres de um ano, culpa dos empregos precários e sazonais que aparecem tão depressa como desaparecem:desde 2011 que todos os segundos trimestres ficaram marcados por um aumento no total da população empregada (27 mil em 2011, 25,7 mil em 2012, 70 mil em 2013 e 87 mil em 2014), e os valores provisórios paraAbril deste ano mostram que este segundo trimestre começou da mesma forma. Depois vem o reverso da onda sazonal:só entre o último trimestre de 2014 e o primeiro trimestre desde ano passou a haver menos 88 mil pessoas empregadas no país – que passaram de 4,56 milhões em Setembro para 4,47 milhões em Março de 2015.

Trabalhar vale cada vez menos Com o emprego no país a surgir maioritariamente por surtos sazonais e precários, o nível de remunerações praticado também tem sido forçado em baixa nos tempos mais recentes. A cada vez maior percentagem de pessoas a trabalhar a troco do mínimo legal evidencia isso mesmo, tal como a evolução da remuneração de base média mensal:se à entrada para o programa de ajustamento 10,9% de trabalhadores em Portugal recebiam o salário mínimo, os últimos dados disponíveis mostravam já 12,9% de trabalhadores a ganhar o mínimo. No período em questão, Abril de 2011 a Abril de 2014, o SMNmanteve-se inalterado em 485 euros, não havendo ainda dados sobre o total de trabalhadores a ganhar 505 euros, o mínimo legal desde Setembro do ano passado.

Com mais trabalhadores a verem o seu trabalho avaliado pelo mínimo possível, naturalmente que as remunerações médias do país também entraram em declínio nos últimos anos – tanto no respeitante à remuneração base como ao ganho médio mensal. Os dados mais recentes publicados pelo Gabinete de Estratégia eEstudos do Ministério daEconomia mostram que, se em Abril de 2011 a remuneração base média mensal no país era de 962,9 euros, este valor até Abril de 2014 já tinha recuado para os 948,8 euros,  menos 1,5%, portanto. Omesmo se verifica caso se analise o ganho médio mensal dos trabalhadores em Portugal, que recuou 1,2% desde Abril de 2011 e Abril de 2014, ou seja, de 1134,4 euros para 1 121, euros mensais. Além das quebras nos salários, é de registar a cada vez mais frágil protecção oferecida aos desempregados:o subsídio médio vale hoje 450 euros mensais – era 494 euros em Abril de 2011.