Costuma dizer-se que a fome é negra. No futebol, o apetite mede-se (e a fome mata-se) em títulos. Por isso, quando Sporting e Sp. Braga entrarem no relvado do Jamor, não lhes faltarão motivos para ambicionar o troféu que aguardará um deles na tribuna de honra. Os leões não vencem um troféu desde Agosto de 2008. São quase sete anos de jejum, demasiado para um clube grande. OSp. Braga até conquistou uma Taça da Liga em 2012/13, mas só por uma vez triunfou no Jamor, já no longínquo ano de 1966. Ainda pouco para um emblema que se quer afirmar como o quarto grande.
São motivos mais do que suficientes para Marco Silva e Sérgio Conceição encararem este jogo com acrescida pressão e responsabilidade. OSporting ficou demasiado cedo afastado da luta pelo título e só o triunfo no Jamor poderá ajudar a classificar a época com uma palavra diferente de “fracasso”. Como se não bastasse, na memória está ainda a derrota neste palco em 2012, com a Académica. “Salvar a época não me parece que seja o termo correcto. A final era um objectivo, juntamente com o campeonato. Não o conseguimos, mas estamos na final e queremos garantir esse objectivo”, explicou Marco Silva em entrevista à RTP.
Ganhe ou perca a Taça, a saída de Marco Silva é o cenário mais do que provável na equipa principal do Sporting
Numa coisa o resultado do jogo não parece ter influência. Ganhe ou perca a Taça, a saída é o cenário mais do que provável para o treinador do Sporting, que não quer falar em despedidas. “Nunca pensei nisso, sinceramente. Quando chegamos a um clube desta dimensão, quando assinamos um contrato de longa duração, quando estamos a discutir uma final, é isso que está na minha cabeça. Não é importante estarmos a falar sobre essa questão.” Bruno de Carvalho dificilmente voltará atrás na decisão de mudança no comando técnico da equipa principal. Resta saber se Marco Silva sai como o treinador que acabou com o jejum do clube lisboeta ou como mais um que não conseguiu títulos em Alvalade.
Em Braga, ninguém se quer lembrar da única final entre as duas equipas. Foi em 1981/82, com vitória por 4-0 dos leões:golos de Oliveira (2), Manuel Fernandes e Jordão. Os minhotos preferem recordar 1966, quando bateram o V. Setúbal com um remate do argentino Perrichon. Oherói arsenalista veio a Portugal motivar o actual plantel do Sp. Braga. Sérgio Conceição conseguiu levar o clube ao jogo decisivo, 17 anos depois da última presença no Jamor. Agora terá de saber corrigir os erros que ditaram duas derrotas com o Sporting na Liga. “Lembro–me que quando perdemos contra o Sporting aqui em Braga fizemos talvez a melhor primeira parte desta época, podíamos ter feito dois ou três golos. Tivemos um início de segunda parte má, mas penso que foi um jogo equilibrado”, recordou à RTP.
Marco Silva reconheceu que os leões têm mais responsabilidade de vencer, pelo historial de títulos, mas recusou assumir favoritismo. “No momento que o árbitro apita, com duas equipas de qualidade a disputarem esse jogo, não me parece que haja. Basta olhar para o historial dos últimos três anos.” Aí, em três ocasiões, só por uma vez os grandes venceram contra equipas teoricamente inferiores. Hoje, ambos os técnicos fazem a antevisão da final (Conceição às 12h30, Marco às 17h30), enquanto Carlos Xistra e jogadores das duas equipas falam às 18h45. OJamor marca também a despedida de Nani do Sporting, tal como aconteceu em 2007/08. Irá com mais uma Taça no palmarés?
Amanhã, Sporting-Sp. Braga às 17h15 na RTP