Maior empresa de segurança envolvida em tráfico de pessoas

Maior empresa de segurança envolvida em tráfico de pessoas


Treze pessoas, incluindo funcionário da G4S, detidas por organizarem rede no aeroporto de Viena.


Há uma semana, cientistas europeus e americanos juntaram-se para redigir um artigo em que criticam duramente os planos da União Europeia para atacar os botes que transportam migrantes e refugiados até às costas marítimas da Europa. “Estão a vender uma perigosa perversão da história”, disseram num artigo com mais de 300 assinaturas, dirigido aos líderes europeus que recusam acolher e reinstalar os clandestinos e legalizar a sua situação longe dos conflitos de que fogem. 

“Se os que embarcam hoje para a Europa pudessem, aproveitariam os voos que as companhias aéreas mais baratas fazem entre o norte de África e a Europa”, sublinharam os cientistas para (tentarem) arrumar de vez os mitos sobre estes milhares de pessoas serem traficados como os escravos o eram há poucos séculos. “Os africanos escravizados não queriam deixar a sua casa. Os que embarcam hoje para a Europa querem partir.”

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Se dúvidas restavam quanto a isto, uma notícia surgida esta semana sobre uma operação para desmantelar uma rede de tráfico de humanos em solo europeu deveria ajudar a enterrá-las, ainda que não se relacione directamente com as travessias marítimas que são o grande foco dos fluxos migratórios na UE. 

Na terça-feira, as autoridades austríacas noticiaram a detenção de 13 membros da segurança do aeroporto internacional de Viena, incluindo pelo menos um funcionário da maior empresa de segurança do mundo, a G4S, por suspeitas de tráfico humano, num caso de há dois meses.

“Posso confirmar que, à luz da legislação laboral austríaca, um funcionário responsável por tratar da documentação e vistos no aeroporto de Viena, a contrato com a Austrian Airlines, foi despedido em Março depois de ter sido detido”, disse Graham Levinsohn, CEOda divisão europeia da G4S, que acumulou lucros de 10 mil milhões de euros em 2014.

Em causa está uma rede de austríacos, polacos e cidadãos do Sri Lanka que cobraram entre 7 mil e 9 mil euros a cada migrante clandestino para os integrar à socapa em pelo menos 11 voos, entre o Outono de 2014 e Fevereiro de 2015.