Rota das Tapas. Está aberta a época da caça às tapas

Rota das Tapas. Está aberta a época da caça às tapas


Em Lisboa e no Porto, a Rota das Tapas põe tudo a tapear de mapa na mão até 7 de Junho.


É provável que tenha notado um número absurdo de pessoas pela cidade de mapa numa mão e cerveja na outra – além dos habituais milhares de turistas, claro. Na quinta-feira passada abriu oficialmente a época da caça às tapas, com a quinta edição da Rota das Tapas em Lisboa e no Porto, e, até 7 de Junho, todos os dias são bons para experimentar um restaurante novo.

Cais do Sodré, Rossio, Alfama, Bairro Alto, Príncipe Real e Madragoa (esta última uma novidade) em Lisboa, Baixa e Ribeira no Porto… São tantos os bairros que este ano aderiram à ocasião gastronómica que até é preciso tuk-tuks para ir de tapa em tapa.

Em Lisboa, 52 restaurantes estão na rota e é normal que se perca pelo caminho. “Qual foi o que gostaram mais?”, pergunta alguém que nunca vimos mais gordo (mesmo depois de tantas tapas), de mapa na mão. Uma boa ocasião para conversa de engate, mas também para trocar dicas e riscar alguns restaurantes do mapa.

No meio das tapas prepare uma caminha no estômago para cerveja. Muita cerveja. E de Espanha. O evento é, desde o início, patrocinado pela Estrella Damm, marca que provavelmente nunca seria a sua primeira escolha de cerveja. Mas para empurrar as tapas serve perfeitamente.

Uma tapa e uma cerveja custam 3 euros e o melhor é saltar de restaurante em restaurante até estar satisfeito com o que comeu – ou bebeu. No fim da refeição há carimbos para coleccionar no mapa, o mais próximo do falecido passaporte da Expo 98 que conseguimos nos dias de hoje.

1. Tapa das Sedas na Rota das Sedas

A primeira tapa da noite fica num sítio estratégico, mesmo no início da Rua da Escola Politécnica, o ideal para começar a atacar as tapas no Príncipe Real. A Tapa das Sedas, como foi baptizada, consiste num croquete de alheira com chutney de tomate e puré de cenouras. Bem servida, é certo, e num espaço da moda, ou não fosse um dos mais procurados para tomar um brunch ao fim-de--semana, com vista para um jardim. Aqui, numa pequena salinha ao lado do salão principal, apenas temos vista para o croquete de alheira e para quadros muito acima das nossas possibilidades (mil euros, coisa pouca). O croquete de alheira já é um clássico na Rota das Tapas e também é servido no El Tomate (na mesma rua), com molho alioli, mas mais pequeno, ouvimos dizer na rua. O da Rota das Sedas é bem-intencionado, mas a mistura doce dos molhos talvez não funcione para todos.

Rua da Escola Politécnica, 231, Lisboa. Terça a sábado, das 18h00 às 21h00

2. Surf & Turf
no Le Moustache Smokery
Na Praça das Flores, a segunda paragem, o Le Moustache Smokery abriu no primeiro dia de Rota das Tapas, na quinta-feira passada. Melhor cartão de visita para a casa não podia haver, embora o chefe já fosse conhecido de muita gente. Daniel Cardoso é ex-concorrente do programa de TV MasterChef e conseguiu financiamento para abrir este restaurante através de crowdfunding. O nome do espaço, que tem uma invejável carta de gins, como mandam as modas, é inspirado no seu bigode e condiz com os bigodes dos hipsters locais. O termo “smokery” vem da cozinha, à base de ingredientes fumados. Na Rota das Tapas pode orgulhar-se do carimbo deste restaurante depois de experimentar um lombo de vaca com gamba enrolado em presunto e compota de figo picante. A voltar.

Praça das Flores, 44-45, Lisboa. Segunda a domingo, das 10h00 às 2h00

3. Mini Burguer Bucha e Estica
no Tapas Bar 52

O miniburger do Tapas Bar 52 é a prova de que a qualidade da comida servida num sítio nem sempre é proporcional à fila para a conseguir. Perto do Jardim do Príncipe Real, o aglomerado de pessoas pode parecer tentador. “Isto deve ser mesmo bom para ter tanta gente”, diz alguém. Mas nem num festival de Verão. É certo que a casa avisa que este serviço é take-away (é pegar no saquinho com o hambúrguer e na cerveja e ir comê-lo para o banco mais próximo), mas nada nos preparou para um minipedaço de pão seco com uma amostra de hambúrguer seco – valha-nos a cerveja – e alguns vestígios do que pode ser bacon, queijo cheddar e cebola roxa. Alguém à nossa frente pede para trocar o miniburger que tem na mão“por um dos quentes” que acabaram de chegar. E nem queremos imaginar o frio.

Rua D. Pedro V, 52, Lisboa. Todos os dias excepto à terça, das 17h00 às 2h00

4. Escalope 3 Pimentas
no 3 Pimentas

No 3 Pimentas – e em caso de dúvida – usamos o truque de perguntar a quem está sentado se está satisfeito com a tapa. Neste caso, um casal com pratos vazios, apenas um mar de molho. “É o que é.” Resposta nada animadora mas, ainda assim, tentamos. E pedimos a sua atenção para a fotografia do prato. No lugar do que parecem ser escalopes está, na verdade, uma fatia de pão com dois pedacitos de carne por cima. E com nervo. Podemos estar numa maré de azar, mas o mais provável é estarmos só numa maré de molho de três pimentas em plena Travessa da Lama, no Bairro Alto. No fim, uma simpática senhora pergunta se está tudo bem. Nada está bem e o molho continua ali a enfeitar o prato de barro. Mas a senhora é tão simpática que nem dá hipótese. Valha-nos isso. Melhores tapas virão. 

Travessa da Lama, 20, Lisboa. Segunda a sábado, das 17h00 às 22h00

5. Green Pork Belly no Remake

O melhor deve ficar para o fim e o Remake é um bom sítio para acabar a noite, já com balanço para os bares das redondezas – até porque o horário estende-se muito além do período indicado no mapa, o que acontece também noutros sítios. Uma pequena barriga de porco confitada com puré de nabo e agrião são a tapa deste ano do Remake, na movimentada Rua da Barroca. O restaurante gosta de inovar nos pratos e em edições anteriores já serviu gravlax, um prato típico da cozinha escandinava, feito com salmão cru, que recebeu boas críticas. No restaurante de cozinha portuguesa e de fusão vai ter quase sempre lugar ao balcão ou na esplanada.

Rua da Barroca, 70, Lisboa. Todos os dias excepto à quarta, das 19h00 às 22h00