O sexo chegou

O sexo chegou


Ao nono dia de festival, chegou aquele momento sempre desconfortável – e, exactamente por isso, tão apreciado por críticos, jornalistas e cineastas – de falar de sexo.


Sim, talvez tenha razão, caro leitor, talvez a conversa em torno da temática esteja hoje banalizada, abaixo os tabus – e começar por aqui, agora, a disparar no sentido de E. L. James talvez não faça sentido –, acima o sexo em 3D. 

Se qualquer filme deste género acaba por ser apelidado por alguns de pornografia, a verdade é que, quando o sexo nos é apresentado em três dimensões, a coisa pode ganhar nova dinâmica. 

“Love”, de Gaspar Noé, o mesmo que prometeu que durante a projecção do filme em territórios franceses, “os homens iam ficar erectos e as mulheres húmidas”. Isto depois de o realizador argentino ter afirmado que “Love” é, acima de tudo, um filme sobre amor, como o título indica. 

Tudo coisas para quem esteve presente poder confirmar. Com tanta controvérsia, requer-se alguma acalmia. Felizmente – ou não –, temos Jacques Audiard, o cineasta francês que este ano traz a Cannes o drama “Dheepan”. No enredo, um homem, uma mulher e uma criança tentam tornar-se uma família de ocasião que lhes permita fugir do Sri Lanka para se exilarem em França, procurando uma vida menos miserável e claustrofóbica. 

Um filme que parece ter criado reacções positivas na plateia. No entanto, com um concorrente diário que tanto mexerico provocou, vejamos se a fita de Audiard não é esquecida no meio da neblina que é a discussão em torno de sexo. Esteve de chuva em Cannes, resta perceber se estes são dois filmes abençoados.