Deve ser para aumentar a mística!


Sempre foram as místicas que autorizaram toda a sorte de barbaridades. E a mística do futebol é barbárie autorizada na actualidade civilizada.


Não gosto de futebol. Nunca gostei. Nunca gostarei.

Não é só o fenómeno que me é indiferente. É a potencialidade crimino- -genética que contém que me leva a olhá-lo com repulsa. E se a criminalidade patrimonial, económica e funcional oculta no seu seio já seria suficiente para ser área da vida social que repugna, muito maior indignação causa o ser um fenómeno potenciador de graus de violência e motim como aqueles que, ano após ano, têm sido experienciados.

Dir-me-ão que o futebol não se pode confundir com o crime praticado no seu âmbito. Que o espírito desportivo é, por definição, o oposto da violência e do crime praticado desbragadamente sob a capa do desporto. Mas será assim? Será que este “desporto” não é precisamente um dos ambientes mais criminógenos da sociedade contemporânea? Cá e lá fora?

Nacional e internacionalmente são conhecidos os casos de crimes económicos, tributários e patrimoniais consubstanciados em negociatas desenvolvidas em torno do futebol. Isso é aceite pacificamente. E porquê? Porque de desporto o futebol cada vez tem menos. É negócio. E quanto maior o volume do negócio, maior a probabilidade de ser usado como domínio de crime. Será ao acaso que o grosso das verbas pagas e recebidas nestes negócios de milhares de milhões circule opacamente em paraísos fiscais e através de sociedades offshore e contas numeradas?

Estranhamente, a própria justiça fica toldada quando as evidências têm ligação, objectiva ou subjectiva, a este mundo. Não é à toa que até em decisões judiciais se lê que o “mundo do futebol” é um mundo “à parte”, onde o que é proibido em geral passa ali a ser permitido… senão aplaudido!

Mas se é assim, e é desde há muito, no que a este tipo de crime “limpo” diz respeito, não menos o é nos crimes de sangue, nos roubos, agressões físicas, chantagens e toda a sorte de criminalidade “vulgar”.
Incendiar e destruir instalações desportivas, espancar adeptos “rivais”, roubar propriedade alheia não é desporto. É barbárie. Destruir propriedade pública, utilizar armas e instrumentos proibidos, atacar agentes de autoridade, insultar, agredir e violentar terceiros que nada têm que ver com a festa não é desporto. É selvajaria.

Mas selvajaria e barbárie praticadas a coberto, e potenciadas, pelo espírito de violência que – ainda que sibilinamente – é sabiamente gerido pelos donos do negócio. Aqueles que transformaram o futebol num instrumento de domínio social e de autopromoção. Um instrumento de catarse das frustrações e revoltas de massas, acobertadas pelo anonimato próprio das rixas. E é assim porque aumenta os lucros.  

Não esqueçamos: sempre foram as místicas que autorizaram toda a sorte de barbaridades. E a mística do futebol é barbárie autorizada na actualidade civilizada. E o poder complacente com ela. Porque é um negócio. Um bom negócio. Tanto que até merece perdões e isenções fiscais.

Não bastava terem feito de um desporto uma luta violenta dentro dos estádios, por razões ignotas querem trazer os campos de batalha para o centro das cidades. Deve ser para aumentar a mística!

Advogado.
Escreve à sexta-feira

Deve ser para aumentar a mística!


Sempre foram as místicas que autorizaram toda a sorte de barbaridades. E a mística do futebol é barbárie autorizada na actualidade civilizada.


Não gosto de futebol. Nunca gostei. Nunca gostarei.

Não é só o fenómeno que me é indiferente. É a potencialidade crimino- -genética que contém que me leva a olhá-lo com repulsa. E se a criminalidade patrimonial, económica e funcional oculta no seu seio já seria suficiente para ser área da vida social que repugna, muito maior indignação causa o ser um fenómeno potenciador de graus de violência e motim como aqueles que, ano após ano, têm sido experienciados.

Dir-me-ão que o futebol não se pode confundir com o crime praticado no seu âmbito. Que o espírito desportivo é, por definição, o oposto da violência e do crime praticado desbragadamente sob a capa do desporto. Mas será assim? Será que este “desporto” não é precisamente um dos ambientes mais criminógenos da sociedade contemporânea? Cá e lá fora?

Nacional e internacionalmente são conhecidos os casos de crimes económicos, tributários e patrimoniais consubstanciados em negociatas desenvolvidas em torno do futebol. Isso é aceite pacificamente. E porquê? Porque de desporto o futebol cada vez tem menos. É negócio. E quanto maior o volume do negócio, maior a probabilidade de ser usado como domínio de crime. Será ao acaso que o grosso das verbas pagas e recebidas nestes negócios de milhares de milhões circule opacamente em paraísos fiscais e através de sociedades offshore e contas numeradas?

Estranhamente, a própria justiça fica toldada quando as evidências têm ligação, objectiva ou subjectiva, a este mundo. Não é à toa que até em decisões judiciais se lê que o “mundo do futebol” é um mundo “à parte”, onde o que é proibido em geral passa ali a ser permitido… senão aplaudido!

Mas se é assim, e é desde há muito, no que a este tipo de crime “limpo” diz respeito, não menos o é nos crimes de sangue, nos roubos, agressões físicas, chantagens e toda a sorte de criminalidade “vulgar”.
Incendiar e destruir instalações desportivas, espancar adeptos “rivais”, roubar propriedade alheia não é desporto. É barbárie. Destruir propriedade pública, utilizar armas e instrumentos proibidos, atacar agentes de autoridade, insultar, agredir e violentar terceiros que nada têm que ver com a festa não é desporto. É selvajaria.

Mas selvajaria e barbárie praticadas a coberto, e potenciadas, pelo espírito de violência que – ainda que sibilinamente – é sabiamente gerido pelos donos do negócio. Aqueles que transformaram o futebol num instrumento de domínio social e de autopromoção. Um instrumento de catarse das frustrações e revoltas de massas, acobertadas pelo anonimato próprio das rixas. E é assim porque aumenta os lucros.  

Não esqueçamos: sempre foram as místicas que autorizaram toda a sorte de barbaridades. E a mística do futebol é barbárie autorizada na actualidade civilizada. E o poder complacente com ela. Porque é um negócio. Um bom negócio. Tanto que até merece perdões e isenções fiscais.

Não bastava terem feito de um desporto uma luta violenta dentro dos estádios, por razões ignotas querem trazer os campos de batalha para o centro das cidades. Deve ser para aumentar a mística!

Advogado.
Escreve à sexta-feira