É verosímil a história de “Minha Senhora”?
É incrível a semelhança com o que nos dizem as pessoas. A interpretação do Flávio Gil é muito comovente, há um crescendo de intensidade e ele toca em tudo o que acontece no processo de aceitação da doença. E acho que, além dessa mensagem sobre o que é ter VIH, alerta as pessoas que se põem sistematicamente em risco.
Isso é necessário?
Muitíssimo. O texto transmite que não há grupos de risco, uma ideia do passado e hoje não faz sentido. Há comportamentos de risco em todos os grupos.
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Faz sentido continuar a impedir a dádiva de sangue dos gays e esta ideia de que só homens que têm sexo com homens abstinentes poderão fazê-lo?
Acho que não, é incompreensível essa discriminação quando todo o sangue tem de ser rastreado. Até pode contribuir para uma ideia errada de risco.
As receitas de bilheteira re-vertem para a psicoterapia na Abraço. Há muita procura? Sim, temos muitos pedidos. Temos cada vez mais jovens infectados, talvez pela nossa postura menos formal que os centros de saúde.
Nos últimos anos de crise ouvimos queixas de dificuldades no acesso a medicação no SNS. Como está essa situação?
As coisas estão melhor. Houve alturas em que era atroz do ponto de vista humano. As pessoas tinham medicação só para três dias e se estavam na Margem Sul tinham de estar sempre a vir a Lisboa. Há problemas mas mais pontuais.
Neste momento o SNS dá uma boa resposta aos doentes?
Creio que sim. A maior falha neste momento é a prevenção.