Os três partidos do famoso arco da governação obtiveram uma larga maioria dos votos nas eleições legislativas de 2001. Os três, PS, PSD e CDS, apresentaram-se ao eleitorado depois de terem assinado o memorando da troika. Esse documento obrigava o futuro governo a privatizar diversas empresas públicas, como a TAP e os transportes públicos de Lisboa e do Porto.
Os partidos à esquerda do PS, como o PCP e o Bloco de Esquerda, não assinaram o documento – sempre recusaram a privatização de empresas do Estado e defendem, pelo contrário, a nacionalização de toda a economia. Foram amplamente derrotados nas eleições e usam agora os seus sindicatos como tropas de choque para ganharem nas ruas o que perderam nas urnas. As greves no sector dos transportes são, por isso mesmo, ilegais e antidemocráticas, ao porem em causa a escolha da maioria dos portugueses.
Num Estado de direito a sério, os sindicatos promotores de tais greves seriam alvo de processos e levados a julgamento. Numa república das bananas, como a portuguesa, são incensados e levados ao colo pela comunicação social e têm o respaldo de um dos partidos que assinou, em 2011, o memorando com a troika de credores, depois de ter levado este sítio cada vez mais mal frequentado à falência. O PS de Sócrates e António Costa disse aos portugueses em 2011 que ia privatizar o sector dos transportes.
O PSde António Costa anda agora, em 2015, a dizer aos portugueses que não aceita a privatização do sector dos transportes. É verdade que em todo este processo há muitas culpas de um governo que vendeu o que era fácil e dava milhões no início da legislatura e deixou para o fim, em ano eleitoral, a venda da tralha falida e endividada que vai da TAP à Carris, passando pelos metros de Lisboa e Porto e os STCP. Por incompetência ou medo, o executivo empurrou com a barriga a venda da tralha e agora está atolado em greves, providências cautelares e cadernos de encargos que só os incompetentes do governo entendem.
Mas António Costa começa a ser um caso sério de pantominice na política portuguesa, pantominice alimentada pelo desespero de um homem que olha para Outubro e só vê duas saídas: entrar em glória em S. Bento como primeiro-ministro ou ter uma saída de sendeiro do Largo do Rato, com os seus camaradas a correrem com o seu falhado D. Sebastião para a sua casinha de Sintra.
Percebe-se, por isso, que o homem prometa o céu e a terra, milagres da multiplicação do dinheiro com mais salários, mais pensões, mais feriados, menos impostos, menos horas de trabalho e a anulação de grande parte das poucas reformas que este executivo conseguiu fazer na legislatura. É o tempo a voltar para trás, lá para os idos de 2009, 2010 e 2011 e da estrondosa falência do Estado.
António Costa olha para as sondagens e os meses que faltam para Outubro e sobe naturalmente a parada de promessas irresponsáveis. Promete galinheiros, pombais, estradas, auto-estradas, caminhos, ruelas, empresas públicas e hospitais a todos os que lhe aparecem pela frente com idade de votar e ainda acreditam nesta democracia. A falência, a austeridade e os anos de crise não lhe serviram de lição. Tudo isto é triste, tudo isto é fado, tudo isto é socialismo. A Virgem de Fátima nos proteja.