Primeira paragem, Rising Tree Wind Farm. Num terreno de 3500 acres, no estado norte-americano da Califórnia, a EDP Renováveis instalou 60 turbinas de última geração, cada uma delas no valor de quatro milhões de dólares. O vento que se faz sentir, suficiente para gelar o corpo, encher os olhos de água e sentir os ouvidos a zunir durante um bom tempo, não é nada. “It’s a windy day”, diz o responsável pela construção do parque, Jim Schroeder. O vento sopra a 41km/h, provavelmente ao dobro da velocidade no topo de cada uma das turbinas, a 112 metros de altitude. Jim trabalha em energia eólica há mais de 30 anos. Quando começou a trabalhar, as turbinas produziam 100KWH de energia. Actualmente têm 33 vezes mais potência, e é com um sorriso que o responsável explica como olha para o constante desenvolvimento tecnológico do sector: “Sempre que olho para uma turbina nova, penso que a seguir virá uma maior.”
As energias renováveis estão cada vez mais presentes nos EUA, e a EDP Renováveis aparece como uma das empresas de destaque. “Fomos nós que representámos as [energias] renováveis na Casa Branca, quando o presidente Obama quis discutir a questão da energia no país”, lembra ao i António Mexia. Entre a visita à Rising Tree Wind Farm e ao Lone Valley Solar Park, a cerca de 300 quilómetros de distância, o presidente da EDP lembrou ainda que a empresa tem uma vantagem competitiva. “Começámos mais cedo.”
Sem medo de actuar num mercado altamente concorrencial – “não temos problema algum com o grau de exigência” –, Mexia lembra também os estudos actuais já apontam para que “o vento e o solar” sejam “a opção número um para responder à procura”dos próximos anos”.
“Os EUA tal como outros países na Europa, como a Inglaterra, estava muito dependente do carvão, e do carvão antigo. Ou seja, de centrais que estão totalmente fora de vida e são incompatíveis com as regras. E o investimento para as alterar já não faz sentido”, explicou ainda o responsável. “A visão da EDP e a minha é a de que o carvão não é uma solução. Em termos de economics, deixou de estar no discurso essencial da redução das emissões”, rematou.
O vento, agora mais baixo porque já descemos das encostas onde as turbinas estão instaladas, continua a soprar e a fazer perceber porque é que o deserto de Mojave é um dos locais mais interessantes para estar quando se fala de energia eólica. Mas onde há vento também há sol, e o Lone Valley Solar Park, o primeiro parque solar da EDP R nos EUA, está actualmente já em pleno funcionamento.
Do outro lado das montanhas alinham-se, quase perfeitamente 120 mil painéis solares, assentes em seis mil “mesas”. O sol não está a brilhar como de costume, mas “98% dos dias não é assim”, nota um dos responsáveis da empresa. “Estima–se que as renováveis representem, entre 2015 e 2020, cerca de 50% da capacidades instalada nos EUA. Depois representarão, fazendo essa conta [de cabeça], algo que deve representar à volta de um terço”, notou Mexia ao i, mostrando-se ainda pouco preocupado com a evolução do shale gas, ou gás de xisto, uma das grandes apostas dos EUA nos últimos anos.
O país pretende, também através deste tipo de recurso, tornar-se energeticamente auto-suficiente, até 2035. Os preços desta matéria-prima têm estado, no entanto, a ser penalizado pelas flutuações do preço do petróleo, sobretudo porque a tecnologia requerida para a extracção deste tipo de gás é significativamente onerosa. No entanto, o presidente da EDP acredita que em termos de fundamentos económicos, o actual preço do gás de xisto “não está muito longe do actual”. E acredita que “os EUA poderão a partir daí, passar a ser exportadores de energia: haverá outro tipo de questões ambientais que poderão alterar o debate no futuro, mas em termos de economics, o preço para viabilizar o uso do shale gas está perto”.
O investimento neste parque foi de 90 milhões de euros, mas em oito anos a EDP R conta já ter conseguido o retorno de cada cêntimo. A produção do dia foi razoável mesmo sem haver raios de sol limpos durante as 12 horas. Daqui a umas horas, assim que o sol se puser, os automatismos darão sinal para que os painéis recolham e fiquem protegidos de intempéries que os possam colocar em perigo. Quanto ao lugar que a empresa ocupa actualmente em termos globais – o terceiro em termos de produção de energia eólica, Mexia é claro: “Interessa-nos o pódio qualitativo.” Subir neste ranking não está, para já, nos planos.
A jornalista viajou a convite da EDP