A visita foi anunciada no sábado e até ver vai acontecer. A partir de 19 de Maio, o príncipe Carlos de Inglaterra e a sua mulher Camila, duquesa de Cornwall, vão estar três dias na Irlanda para vários eventos, entre as quais uma visita a Mullaghmore, zona costeira de Co Sligo onde, em 1979, o IRA fez explodir um barco onde seguia Lorde Mountbatten, tio-avô de Carlos. E ontem, cinco dias depois de a viagem ter sido anunciada, as autoridades irlandesas avançaram que seis homens foram detidos por estarem a planear um atentado contra o filho da Rainha Isabel IIde Inglaterra.
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De acordo com vários media britânicos, os seis suspeitos detidos, que vão ser formalmente acusados de terrorismo, têm todos ligações ao Continuity e ao Real IRA, dois grupos separatistas ilegalizados na República da Irlanda e designados como organizações terroristas pelo Reino Unido. Dois dos suspeitos foram travados pela polícia em Leitrim, a cerca de uma hora de distância de Mullaghmore, na posse de explosivos e armas de fogo. Os homens têm entre 21 e 62 anos e até ao fecho desta edição continuavam detidos pela Garda, a polícia irlandesa. Fontes dessa força policial avançaram ao “Irish Daily Mirror” que têm fortes indícios de terem prevenido um ataque mortífero contra Carlos e Camila, depois de mais de 20 raides em várias zonas da Irlanda para “disromper actividades republicanas”.
“AGarda tem estado a monitorizar uma série de pessoas nos últimos meses. E desde que foi anunciado que os britânicos vinham visitar-nos, houve um aumento do aparelho de segurança”, explicou uma das fontes sob anonimato. “Nada está a ser deixado ao acaso e foram encontrados hoje [ontem, em Co Leitram] dois aparelhos improvisados no carro em que [dois dos suspeitos] seguiam, bem como uma arma de fogo.” Oficialmente, um porta-voz da Garda disse apenas à imprensa e às televisões que os seis homens “estão em detenção ao abrigo da secção 30 das Ofensas Contra o Estado em várias esquadras da Garda na região metropolitana de Dublin [a capital da República da Irlanda]. As investigações continuam.”
Nas últimas semanas têm estado em alta as tensões entre as autoridades da Irlanda e dissidentes do IRA, sigla do grupo paramilitar Exército Republicano Irlandês criado em 1919 para lutar pela independência da Irlanda do Norte do Reino Unido. O grupo anunciou o fim da luta armada e a entrega do armamento em Julho de 2005, mas alguns membros desse e de outros grupos separatistas continuam a actuar com o mesmo intuito. As detenções de ontem seguem-se a uma série de incidentes recentes envolvendo dissidentes republicanos que recusam a monarquia britânica. Em Belfast, a capital da Irlanda do Norte, a polícia descobriu no início deste mês uma bomba que os suspeitos pretendiam detonar tendo como alvo agentes da polícia. E a 5 de Maio, o antigo comandante do IRA Gerard ‘Jock’ Davison foi abatido a tiro pelas autoridades.
Apesar de o IRA, o Continuity e de outros grupos, como o Óglaigh na hÉireann, se oporem à família real britânica, a histórica visita da Rainha Isabel II à Irlanda em 2011 foi um sucesso, referiam ontem jornais britânicos. Carlos e Camila chegam ao país na próxima terça-feira para um roteiro de três dias de visitas, sob forte aparato de segurança. Esta semana, o ministro irlandês dos Negócios Estrangeiros, Charles Flannagan, disse que a visita “vem cimentar o trabalho de reconciliação das décadas recentes, no qual o príncipe Carlos tem contribuído”.