“Mad Max”. Valeu a pena ficar 30 anos sem conduzir

“Mad Max”. Valeu a pena ficar 30 anos sem conduzir


Trinta anos depois, nova sequela, “Mad Max – Estrada da Fúria”, com assinatura de George Miller.


Prego a fundo na análise, a “Variety” explica mais ou menos ao que vamos (é favor consultar a página das estreias, tirar tudo a limpo e perceber porque concordamos). Ao pé de “Mad Max”, o franchising de “Velocidade Furiosa” “mais parece um dia de treino em Autopia”, a pista da Disneylândia. Em versão nacional, seria algo como passar a tarde no kartódromo de Almeirim e regressar a casa satisfeito por conseguir uma média melhor que a dos amigos. O que é óptimo, que é, mas depois, caro rei do asfalto, imagine que lhe prometem um mundo onde a ausência de limite de velocidade é o menor dos aperitivos – e não é preciso ir renovar a carta a partir dos 50.

Que o diga o australiano George Miller, que começou a dirigir a saga em 1979, com “Mad Max – As Motos da Morte”. Seguiu-se “O Guerreiro da Estrada” (1981) e ainda “Além da Cúpula do Trovão” (1985). Depois, os motores abrandaram. A juventude de Mel Gibson gripou, como acontece aos melhores, e os atrasos na produção conseguiram desaustinar tanto os fãs e a equipa como um condutor de domingo consegue enfurecer o acelera mais moderado. Depois de problemas financeiros, de restrições impostas no pós-11 de Setembro no capítulo das viagens, do excesso de chuva no deserto australiano (que obrigou a redefinir a localização), em 2015 regressamos por fim ao mundo de “fogo e sangue” do louco Max Rockatansky, agora com Tom Hardy no elenco. Ao seu lado, outra alma rebelde, a Furiosa Charlize Theron (e depois disto quase ninguém se vai lembrar de que, em tempos idos, Tina Turner chegou a fazer parte dos créditos).

“Ele é todos nós, amplificado. Cada um de nós procura um sentido num mundo caótico. Ele tem esse instinto de sobrevivência”, explica à “Wired” Miller, o mesmo de “As Bruxas de Eastwick”, “Um Porquinho Chamado Babe” ou “Happy Feet”, descrevendo Max, um ronin em solo japonês, um viking na Escandinávia, enfim, uma figura clássica de western americano agora num cenário distópico, pós- -apocalipse, onde a água sucede à gasolina como o bem mais precioso.
No deserto da Namíbia, ao estilo old school, garante o realizador, estiveram envolvidas mais de mil pessoas, um número estonteante de viaturas, câmaras orientadas para efeitos práticos e nada de imagens geradas por computador. O resultado são duas horas de cortar o fôlego, sem semáforo vermelho no caminho da acção. Quer mais uma boa notícia? George Miller aproveitou o tempo de espera entre filmes para escrever, pelo menos, mais dois argumentos de “Mad Max” e Hardy já disse para contarem com ele. Não desapertem já o cinto de segurança.