Duas orelhas e a avó do Alexandre


O Alexandre não tem culpa. Frequenta o ensino especial, queria ser cantor e inscreveu-se no “Ídolos”


A história do rapaz de Vila Nova de Gaia que se queixa de bullying por parte da SIC diz tudo quanto ao estado de imbecilidade colectiva em que, fatalmente, vamos caindo com frequência. O que mais impressiona é o apetite para “meter processos” e “pedir indemnizações” à conta da infelicidade alheia.

O Alexandre não tem culpa. Frequenta o ensino especial, queria ser cantor e inscreveu-se no “Ídolos”. A SIC não teve cuidado, mas não tem culpa. O modelo do programa é o que é – até costuma liderar audiências e as pessoas deviam conhecer a forma como são tratados os concorrentes. Acresce que existem sempre outras opções. Como seja não participar no programa. E, para quem está em casa, mudar de canal ou desligar o televisor.

A avó do Alexandre, dado o facto de ele ser menor, teve de autorizar a sua participação nos “Ídolos”. A avó do Alexandre, reformada e suponho que razoável consumidora de programas televisivos do género, está agora indignada e exige que lhe paguem (a ela) a alegada humilhação do neto. Esta é a avó que representa na perfeição a excelência do empreendedorismo português. Que encarna a capacidade para fazer dinheiro à custa da infelicidade do próximo (mesmo que o próximo seja familiar directo). Esta é a mesma pinta e desenvoltura de quem “inventa” filhos para se bater a um acréscimo no rendimento mínimo ou, com outro requinte, de quem “fabrica” facturas para aceder a maiores reembolsos fiscais. Neste caso, não sendo possível um “encosto” no Estado, a ideia era tentar o “encosto” na SIC.

Pobres crianças filhas e netas de portugueses criativos.

Escreve à quinta-feira

Duas orelhas e a avó do Alexandre


O Alexandre não tem culpa. Frequenta o ensino especial, queria ser cantor e inscreveu-se no “Ídolos”


A história do rapaz de Vila Nova de Gaia que se queixa de bullying por parte da SIC diz tudo quanto ao estado de imbecilidade colectiva em que, fatalmente, vamos caindo com frequência. O que mais impressiona é o apetite para “meter processos” e “pedir indemnizações” à conta da infelicidade alheia.

O Alexandre não tem culpa. Frequenta o ensino especial, queria ser cantor e inscreveu-se no “Ídolos”. A SIC não teve cuidado, mas não tem culpa. O modelo do programa é o que é – até costuma liderar audiências e as pessoas deviam conhecer a forma como são tratados os concorrentes. Acresce que existem sempre outras opções. Como seja não participar no programa. E, para quem está em casa, mudar de canal ou desligar o televisor.

A avó do Alexandre, dado o facto de ele ser menor, teve de autorizar a sua participação nos “Ídolos”. A avó do Alexandre, reformada e suponho que razoável consumidora de programas televisivos do género, está agora indignada e exige que lhe paguem (a ela) a alegada humilhação do neto. Esta é a avó que representa na perfeição a excelência do empreendedorismo português. Que encarna a capacidade para fazer dinheiro à custa da infelicidade do próximo (mesmo que o próximo seja familiar directo). Esta é a mesma pinta e desenvoltura de quem “inventa” filhos para se bater a um acréscimo no rendimento mínimo ou, com outro requinte, de quem “fabrica” facturas para aceder a maiores reembolsos fiscais. Neste caso, não sendo possível um “encosto” no Estado, a ideia era tentar o “encosto” na SIC.

Pobres crianças filhas e netas de portugueses criativos.

Escreve à quinta-feira