“Mad Max – Estrada da fúria”. Enquanto houver estrada para andar

“Mad Max – Estrada da fúria”. Enquanto houver estrada para andar


São duas-horas-duas com o pé no acelerador, quase sem pausas para limpar o suor da testa – “lá vêm eles outra vez”.


O ditado preserva a sua carta de condução: em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.

Neste caso, o bem em falta é a água e, se pensar bem, a promessa de apocalipse é um futuro nem tão longínquo nem tão distópico. Mas não guarde o susto para esse amanhã vazio de esperança e repleto de mortandade.

A estrada (é hoje) precisa do seu fôlego, porque o caminho é longo e a perseguição imprópria para empatas. São duas-horas-duas com o pé no acelerador, quase sem pausas para limpar o suor da testa – “lá vêm eles outra vez”.

Criatura rebelde, é possível que esteja a assistir a esta fúria sem tréguas numa sala IMAX, com óculos 3D, a tapar o nariz face ao pó do deserto, a cerrar os olhos às explosões, a controlar as guinadas como se estivesse ao volante, a sacudir o sangue do braço, a rezar para que um dos monstros sobre rodas não lhe ceife a cabeça. Quem passa no teste? Quem retaliar primeiro.

Em suma, “What a lovely day”, exclama um dos rapazes da guerra, enquanto reforçamos o sinal da cruz. George Miller andou muito para aqui chegar. Fez-se ao caminho em 79, e há 30 anos que não sabíamos dos demónios de Max (agora Tom Hardy). Mas os fantasmas ultrapassam sempre pela direita (a Furiosa Charlize está aqui para anuir), encostar à boxe é morrer e, se pediu uma faixa de rodagem com entretenimento puro, então boa viagem.