Dois representantes de 20 directores de informação dos media portugueses reuniram-se esta quarta-feira com deputados do PS, no Parlamento, sobre o novo projecto de diploma de cobertura das eleições da maioria PSD/CDS-PP.
“Recebemos grande simpatia e apoio do PS em relação aos problemas que sentimos para podermos efectuar uma cobertura legislativa como queremos, com liberdade e capacidade de informar as pessoas”, afirmou no final do encontro o director de informação da ‘Visão’, Pedro Camacho, que esteve na reunião juntamente com Graça Franco, directora de informação da Rádio Renascença.
“A maneira como a lei regula a cobertura das campanhas eleitorais deixa os órgãos de comunicação social numa situação de grande fragilidade, porque têm uma série de obrigações que ninguém sabe muito bem quais são e ficam sujeitos às decisões de uma entidade estranha às redacções”
De acordo com Pedro Camacho, que falava após uma reunião de uma hora e meia, o PS lembrou que a iniciativa legislativa cabe à maioria parlamentar, “mas mostrou total disponibilidade para continuar a trabalhar para se encontrar uma solução que permita sair do impasse” actual.
A intenção de regular os períodos pré-eleitorais e de impor debates televisivos alargados a todos os candidatos, tal como a falta de regras claras no que respeita à cobertura de campanhas, são alguns dos aspectos que preocupam os directores de informação.
“A maneira como a lei regula a cobertura das campanhas eleitorais deixa os órgãos de comunicação social numa situação de grande fragilidade, porque têm uma série de obrigações que ninguém sabe muito bem quais são e ficam sujeitos às decisões de uma entidade estranha às redacções”, sublinhou Pedro Camacho.
Já da parte do PS, a deputada Inês de Medeiros disse aos jornalistas que o grupo parlamentar continua empenhado “em encontrar uma solução que seja equilibrada e atempadamente para o período de campanha eleitoral e de pré-campanha”, mas aguarda para conhecer a versão final do projecto de diploma da maioria PSD/CDS-PP.
No dia de ontem, os representantes dos directores de informação já se tinham reunido com os líderes parlamentares do PSD e do CDS-PP, numa reunião em que os dois partidos “se mostraram sensíveis” às preocupações da profissão, indicou ainda Pedro Camacho.
Na semana passada, o grupo de 20 directores de informação dos media portugueses criticou o novo projecto de diploma de cobertura das eleições da maioria PSD/CDS-PP, considerando que, apesar de ter sido eliminada a intenção de controlo prévio dos planos, este continua a "condicionar a liberdade editorial".
Nesse comunicado conjunto assinado por 20 directores de informação, incluindo rádios, televisões, jornais e a agência de notícias Lusa, os signatários saudaram "a eliminação de alguns pontos absurdos do anterior projecto de lei, como a apresentação, para controlo prévio, dos planos de trabalho dos jornalistas”, mas consideraram que a nova proposta “volta a impedir e a condicionar a liberdade editorial”.
Também hoje à tarde, um grupo de representantes da direcção do Sindicato de Jornalistas foi recebido pelos quatro principais grupos parlamentares – CDS/PP, PS, PSD e PCP – em reuniões na Assembleia da República.
“O nosso objectivo era mostrar abertura para sermos consultados em todos os assuntos que dizem respeito à actividade jornalística e não apenas as questões laborais”, explicou à Lusa uma das representantes do sindicato, Anabela Natário, acrescentando que os partidos responderam de forma positiva, incluindo no que respeita ao projecto de lei de alterações à Lei Eleitoral”.
Lusa