Há dois temas que o antigo Presidente da República Mário Soares não deixa escapar nos seus artigos de opinião do "Diário de Noticias": a prisão de José Sócrates e as críticas ao actual Governo. E o texto desta terça-feira não foi excepção.
Soares fez questão de lembrar que o seu amigo José Sócrates “continua na prisão, desde há quase seis meses, sem ter sido acusado e julgado”. Para o socialista, o principal responsável é o juiz Carlos Alexandre, algo que já o escreveu várias vezes.
O antigo Presidente considera que o ‘super juiz’ “começa a estar um pouco nervoso na sua vaidade” e que seria “melhor para todos seria que libertasse quanto antes José Sócrates e lhe apresentasse as devidas desculpas”.
O histórico do PS repete que Carlos Alexandre e o procurador Rosário Teixeira “tentaram encontrar um motivo para que [Sócrates] fosse julgado” mas “nunca o conseguiram”. Daí, continua Soares, que “qualquer pessoa lúcida reconheça que deve ser posto em liberdade quanto antes”.
Passos Coelho e Cavaco Silva também não foram esquecidos nas críticas. “A coligação que faz a maioria não se entende e se não fosse o Presidente da República, que protege Passos Coelho acima de tudo, o governo, que não se sabe o que quer nem para onde vai, há muito tempo teria desaparecido”, escreve o socialista.
Para Soares, o primeiro-ministro “fala muito mas muda de opinião como quem muda de camisa. À exceção da defesa da austeridade a todo o custo. E os seus ministros calam-se e obedecem”.
No entanto, o antigo chefe de Estado faz aqui uma ressalva, sublinhando que com Paulo Portas, o número dois do governo, não seja bem assim. “Não se entendem, e ora diz que quer ir embora ou diz o contrário, e vai passeando pelo mundo inteiro…”.
Por outro lado, Soares acredita que o actual Executivo “está quase no fim” e “apesar de o Presidente da República ter propositadamente atrasado as eleições, o fim é inevitável”.