Escutou-se a sentença do martelo, entre aplausos e inevitável estupefacção. 179 milhões (cerca de 160 milhões de euros) foi o valor pelo qual o quadro “Les femmes d’Alger”, de Pablo Picasso, foi arrematado ontem. Da sala da Christie’s, no Rockefeller Centre, em Manhttan saía um novo recorde mundial, mas a história começou a ser escrita alguns milhões antes.
“Este é um novo território”, admitiu a presidente da leiloeira e mestre de cerimónias, Jussi Pylkkanen, quando se atingiu a fasquia dos 150 milhões. Pelo telefone, o anónimo comprador formalizava a nova marca, e deixava para trás o até então protagonista da transação mais cara, um tríptico de Francis Bacon. No final da sessão, passado o assombro, o veredicto só podia ser um. “Esta foi uma das maiores noites no historial dos leilões”.
O quadro de Picasso, uma das 15 versões que o pintor espanhol realizou, é uma elegia ao seu amigo e rival Henri Matisse, que morrera poucos meses antes, em 1954. Um trabalho inspirado no mestre do século XIX Eugene Delacroix, cujos números atingidos acabaram por ofuscar um outro recorde registado nesta noite. Meia hora depois, a peça em bronze “L’homme au doigt”, de Alberto Giacometti, tornava-se a escultura mais cara de sempre a ser comprada num leilão.