Os bombardeamentos da aviação saudita sobre Sanaa, na noite de segunda-feira provocaram “sérios danos” na cidade velha da capital iemenita, classificada património mundial da humanidade. O alerta é da UNESCO, que informou esta terça-feira que “nos últimos dias recebeu informações sobre estragos significativos em locais culturais importantes no Iémen”.
Segundo as informações recebidas pela agência das Nações Unidas para a educação e a cultura, vários edifícios em adobe, mesquitas e “hammams” de Sanaa anteriores ao século XI foram “intensamente bombardeados na noite de 11 de Maio”, num ataque que causou “sérios estragos em numerosos edifícios históricos”.
Sauditas intensificaram os bombardeamentos na véspera da trégua que começou esta terça-feira às 21h, para permitir o envio de ajuda humanitária
Também a cidade histórica de Saada, no Norte, agora bastião dos rebeldes hutis, e o complexo arqueológico da cidade fortificada de Baraqish, do período pré-islâmico, foram, segundo a UNESCO, “igualmente danificados”.
“Condeno estas destruições e apelo a todas as partes para colocarem o património cultural á margem dos conflitos”, afirmou a directora-geral da UNESCO, Irina Bokova, acrescentando que o património representa “um excepcional testemunho das realizações da civilização islâmica”.
Edificada num vale de montanha a 2.200 metros de altitude, Sanaa foi nos séculos VII e VIII um importante centro de propagação do islão. A cidade inclui 103 mesquitas, 14 “hammams” e cerca de 6.000 edifícios, incluindo as casas-torre e outras em adobe, construídas antes do século XI.
Uma coligação árabe dirigida pela Arábia Saudita desencadeou no final de Março uma operação militar no Iémen contra os rebeldes xiitas hutis, aliados do Irão, que controlam parte do país e se opõem ao presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, refugiado em Riade.
Na segunda-feira os sauditas intensificaram os bombardeamentos na véspera da trégua que começou esta terça-feira às 21h, para permitir o envio de ajuda humanitária. Segundo as Nações Unidas, pelo menos 1.400 morreram desde o início da ofensiva saudita, na maioria civis.