O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a formação da equipa que vai liderar os destinos do Reino Unido nos próximos cinco anos. O chefe de governo manteve as figuras que fizeram parte do anterior executivo. As principais alterações foram registadas nos cargos ocupados pelos membros dos Liberais-Democratas. As pastas das Finanças, da Administração Interna e dos Negócios Estrangeiros continuam nas mãos de George Osborne, Theresa May e Phillip Hammond.
O responsável pela política externa britânica substituiu William Hague durante o último mandato. As três figuras ganham maior influência junto do primeiro-ministro devido à ausência de Nick Clegg. Na Justiça e na Defesa estão Michael Gove e Michael Fallon. A obrigatoriedade de os membros do executivo serem eleitos deputados possibilitou a ascensão de Priti Patel ao Ministério do Trabalho. A anterior responsável não conseguiu ser eleita nas recentes legislativas. A saída dos Liberais-Democratas do executivo permitiu a Sajid Javid e Ambey Rudd chegarem às pastas do Comércio e da Energia.
Estrutura A principal novidade no gabinete é a chamada de Boris Johnson. O actual presidente da Câmara de Londres vai ser o principal conselheiro político de David Cameron. O professor da Universidade de Londres Simon Griffiths garantiu ao i que “o autarca é o favorito para suceder ao primeiro-ministro daqui a cinco anos”.
Já George Osborne não se encontra em posição igualmente favorável. O docente entende que o actual responsável pelas Finanças “não é muito popular no país e na estrutura partidária”. Em relação às possibilidades de Theresa May, Simon Griffiths entende que “tem um forte carácter”, tendo recordado as poucas hipóteses de Margaret Thatcher quando anunciou a candidatura ao número 10 de Downing Street.
David Cameron também nomeou os líderes que vão estar no combate político com a oposição nas duas câmaras parlamentares. Chris Grayling é o líder dos conservadores na Câmara dos Comuns e Tina Stowell na Câmara dos Lordes.
Desafios As prioridades do próximo governo passam pela economia, pela autonomia da Escócia e pela realização do referendo sobre a manutenção do Reino Unido na União Europeia. Simon Griffiths explicou a forma como o executivo vai abordar cada um dos assuntos. Na economia o objectivo será “continuar a cortar na despesa pública”.
A devolução de poderes legislativos às regiões, em particular na Escócia, foi uma das promessas de David Cameron na primeira declaração enquanto primeiro-ministro reeleito. O académico britânico afirma que “o grande desafio é saber como mantém a união na Escócia”. Por fim, o tema que tem dominado a atenção da Europa. No discurso que fez após ter sido recebido pela rainha Isabel II, David Cameron também garantiu a realização de uma consulta popular sobre a Europa. O professor londrino considera que “em primeiro lugar o executivo vai tentar a renegociação com Bruxelas e posteriormente realizar a consulta popular”.
Contestação A maioria absoluta não significa uma governação sem problemas nem focos de contestação a nível interno e externo, como aconteceu com John Major quando venceu as eleições legislativas em 1992. As medidas de austeridade e o referendo europeu prometem agitar o Partido Conservador. Simon Griffiths mostra preocupação com “a política económica do governo por causa dos cortes nos serviços públicos”. Nos próximos dois anos, as pressões do “sector mais à direita do Partido Conservador criavam dificuldades a David Cameron” devido à realização do escrutínio marcado para 2017.