Estoril-Sporting. Jogar 90 minutos à sombra da Amoreira

Estoril-Sporting. Jogar 90 minutos à sombra da Amoreira


Uns já não descem, outros têm o terceiro lugar assegurado. Sebá e Ewerton fizeram os golos de um jogo que não deixa saudades.  


Marco Silva gosta de dizer que não há maior pressão do que jogar num clube como o Sporting em que a exigência é sempre máxima de cada vez que se entra em campo. O treinador diz, repete e volta a dizer durante o ano, mas os jogadores insistem em contrariá-lo dentro de campo. NoEstoril, a pressão não existiu. Os canarinhos têm o campeonato feito e já não descem, os leões conformaram-se com o terceiro lugar e apontaram à final da Taça de Portugal no final de Maio.

A ausência da obrigação de fazer alguma coisa poderia ajudar a tornar o jogo mais fluido, sem complexos, com a procura pela baliza e pelo golo que tornasse uma tarde de sol ainda mais agradável.Mas o que se passou foi o contrário, foram duas equipas a jogar à sombra da Amoreira durante 90 minutos. Uns não faziam muito, outros não faziam muito mais.
Sem Nani, Jefferson e Slimani, a equipa de Marco Silva manteve a identidade. Jonathan Silva não actuava desde o jogo do Dragão e apareceu bem a subir pelo flanco. Pior era a falta de vontade contagiante que ajudou a construir (mais) uma primeira parte que desiludiu. Sem velocidade, sem brilho, sem oportunidades, sem nada. Valeu pelo menos o golo do Estoril, numa jogada muito rápida construída pelo lado esquerdo, em que Fernandinho deixou a concorrência para trás e tentou assistir para o golo. A bola sofreu um desvio e ficou à mercê de Sebá, que só teve de escolher o poste mais favorável para bater Rui Patrício.

A "oferta" dos leões durante os primeiros 45 minutos implicava que pelo menos o esforço aumentasse no segundo tempo. Até porque fazer pior era difícil. Houve mais vontade, sem dúvida. Os remates apareciam uns atrás dos outros mas chamar-lhes oportunidades é um elogio pouco merecido. Até que, aos 54 minutos, João Mário ganhou um livre descaído para o lado direito depois de fazer o que queria de Babanco num espaço curto de terreno. Carrillo cruzou para a área, atrasado para Jonathan Silva rematar de primeira a meia altura, mas este não acertou em cheio. Foi aí que apareceu Ewerton a desviar de cabeça e a bater Kieszek, naquele que foi o segundo golo esta época do central emprestado pelo Anzhi.

"Fico chateado porque queria chegar e vencer. Faltou atenção nos contra-ataques do Estoril", disse o brasileiro no final. Mas faltou mais, muito mais. Faltou pontaria na frente, faltou mais vontade, faltou mais capacidade para arriscar e fazer a diferença. Mesmo que Montero tenha feito quase o segundo logo a seguir e Tanaka tenha obrigado o guarda-redes polaco a brilhar aos 64 minutos, com um cabeceamento em que não foi obrigado a tirar os pés do chão. Só que foi só isso.
Marco Silva diz que o jogo foi de sentido único e com poucas oportunidades, quase todas para os leões. E tem razão. Mas não foi suficiente. Os últimos minutos trouxeram novamente o espírito de deixar andar, onde só a homenagem dos adeptos do Estoril a Marco Silva trouxe algum motivo de destaque. É o "Special One da Amoreira" à procura ainda de um lugar ao sol em Alvalade.