O reino de sua majestade vota, sem maiorias previsíveis, desmanchando por completo o que já parecia tradição na velha democracia de Londres.
Os eleitores cansaram-se de promessas por cumprir, dos sonhos que se transformaram em pesadelos, das afirmações de soberania que redundaram numa muito maior dependência da Europa, mesmo sem o euro, do que seria previsível.
Chocaram com o desemprego, com a chegada de gentes de todos os povos à procura de uma oportunidade, de um Sistema Nacional de Saúde que afinal parece querer deixar de ser um dos melhores do mundo transformando-se num real problema.
A velha Europa vai seguindo, de nariz empinado, as escolhas dos britânicos, sem perceber realmente que as coisas mudaram e esta onda de descontentamento e vontade de experimentar outras famílias políticas se transformou num vendaval de consequências imprevisíveis. Podemos apelar sempre à cultura do compromisso, dos acordos entre pólos opostos e inconciliáveis, da negação do que se prometeu na campanha, apenas em nome do poder. Aí poderá estar mais um dos erros fatais do sistema em que os eleitores já pouco acreditam, deixando toda a margem para o nascimento e crescimento de todo o tipo de movimentos. Se forem genuinamente regeneradores dos velhos e tradicionais princípios da democracia, serão bem-vindos. O problema é que os sinais não vão nada nesse sentido e esta nossa querida e velha Europa poderá sucumbir a soluções populistas, simplistas e aparentemente mobilizadoras de eleitores a quem as velhas tradições se encarregaram de demonstrar que os partidos de sempre acabam por cair sempre nos mesmos problemas e soluções. Este ano vamos ter mais eleições na Europa e o vendaval ainda só agora começou.
Jornalista RTP
Coordenador Jornal 2 – RTP2
Escreve à sexta-feira