Dez dias a cortar asas


Ponto prévio: o aeroporto do Porto é francamente mal servido pela TAP que, sendo uma companhia estatal, deveria conjugar o interesse público com o equilíbrio territorial do país


As greves na TAP já merecem o estatuto de folhetim com interminável número de capítulos. É uma pena ter de voltar ao tema. A verdade é que o tema só termina, um dia, com uma venda ou com uma falência.

Ponto prévio: o aeroporto do Porto é francamente mal servido pela TAP que, sendo uma companhia estatal, deveria conjugar o interesse público com o equilíbrio territorial do país. Não o faz. O entusiasmo à volta do hub da Portela leva a que a generalidade dos voos entre o Porto e quase qualquer destino façam escala em Lisboa. Até para Faro, para onde a Ryanair tem ligação directa…

Os dez dias de greve dos pilotos são, por isso, duplamente penalizadores para os clientes do Porto (se calhar, a palavra é abusiva no contexto, visto que a TAP não parte do princípio de que os clientes têm razão). Por serem obrigados a fazer mais escalas do que quaisquer outros, as hipóteses de os seus passageiros com origem ou destino ao Porto verem o seu voo na lista dos que são cancelados aumentam substancialmente. E, claro, muitos ficam mesmo em terra.

As histórias multiplicam-se: pessoas que chegam à Portela e que, horas depois e sem bagagem, são obrigadas a voltar ao Porto de comboio, outras que têm de apanhar autocarros às cinco da manhã para ir a Lisboa apanhar um voo para, imagine-se a extravagância, Bruxelas…

Acontece, porém, que o hub de Madrid (com maior variedade de destinos, muitos até a preço mais competitivo) está a poucas milhas mais de distância do que o hub de Lisboa. Acontece que, na mesma semana em que a TAP tem parte dos pilotos em greve, a Turkish Airlines junta-se às inúmeras companhias que fazem voos directos para o Porto.

A TAP e os seus pilotos podem pôr em causa a política de privatizações do governo e um dos pontos centrais do acordo português com a troika. Podem estragar a vida a emigrantes, abalar o crescimento turístico que o país apresenta e prejudicar a economia real. Podem isso e muito mais. Depois disto tudo, não podem é queixar-se.

Escreve à quinta-feira


Dez dias a cortar asas


Ponto prévio: o aeroporto do Porto é francamente mal servido pela TAP que, sendo uma companhia estatal, deveria conjugar o interesse público com o equilíbrio territorial do país


As greves na TAP já merecem o estatuto de folhetim com interminável número de capítulos. É uma pena ter de voltar ao tema. A verdade é que o tema só termina, um dia, com uma venda ou com uma falência.

Ponto prévio: o aeroporto do Porto é francamente mal servido pela TAP que, sendo uma companhia estatal, deveria conjugar o interesse público com o equilíbrio territorial do país. Não o faz. O entusiasmo à volta do hub da Portela leva a que a generalidade dos voos entre o Porto e quase qualquer destino façam escala em Lisboa. Até para Faro, para onde a Ryanair tem ligação directa…

Os dez dias de greve dos pilotos são, por isso, duplamente penalizadores para os clientes do Porto (se calhar, a palavra é abusiva no contexto, visto que a TAP não parte do princípio de que os clientes têm razão). Por serem obrigados a fazer mais escalas do que quaisquer outros, as hipóteses de os seus passageiros com origem ou destino ao Porto verem o seu voo na lista dos que são cancelados aumentam substancialmente. E, claro, muitos ficam mesmo em terra.

As histórias multiplicam-se: pessoas que chegam à Portela e que, horas depois e sem bagagem, são obrigadas a voltar ao Porto de comboio, outras que têm de apanhar autocarros às cinco da manhã para ir a Lisboa apanhar um voo para, imagine-se a extravagância, Bruxelas…

Acontece, porém, que o hub de Madrid (com maior variedade de destinos, muitos até a preço mais competitivo) está a poucas milhas mais de distância do que o hub de Lisboa. Acontece que, na mesma semana em que a TAP tem parte dos pilotos em greve, a Turkish Airlines junta-se às inúmeras companhias que fazem voos directos para o Porto.

A TAP e os seus pilotos podem pôr em causa a política de privatizações do governo e um dos pontos centrais do acordo português com a troika. Podem estragar a vida a emigrantes, abalar o crescimento turístico que o país apresenta e prejudicar a economia real. Podem isso e muito mais. Depois disto tudo, não podem é queixar-se.

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