Ser uma cidade universitária é, qualquer que seja a tipologia do território em questão, a oportunidade para dispor de um recurso extremamente valioso, capaz de impulsionar os projectos de desenvolvimento a prosseguir e com um forte impacto no dia-a-dia das comunidades.
Nas grandes áreas metropolitanas ou nas localidades do interior, a universidade (ou uma instituição de ensino superior equiparável) é sempre um reservatório de conhecimento em áreas específicas, um pólo de inovação e criatividade, uma fonte de atracção e fixação de recursos e um estímulo ao rejuvenescimento da população.
Saber aproveitar esta mais-valia, potenciar continuamente os canais de articulação com estas estruturas, seja por parte das entidades públicas, do meio empresarial ou dos agentes culturais, pode fazer a diferença na capacidade que cada espaço geográfico tem para crescer em bem-estar e promover a sua afirmação externa.
Em muitos casos, o meio académico vinca a sua presença de forma contínua em cada local, seja pelo peso económico que representa, pelo volume de actividades que desenvolve ou pelo efectivo entranhar dos seus membros na vida da cidade.
Noutros, a relação é feita de forma mais discreta, num convívio consentido e necessário, mas sem grande envolvimento em iniciativas ou realizações comuns. Uma realidade que estará sempre condicionada às prioridades dos protagonistas, à predisposição para se prosseguir um processo de sedução recíproco ou, até, à própria localização física das principais infra-estruturas de acolhimento do meio universitário em questão.
Há, porém, duas alturas do ano em que a presença do meio académico é necessariamente mais sensível em cada território, porquanto se multiplicam as actividades fora dos seus lugares de conforto tradicionais.
Nos meses de Setembro/Outubro, com o acolhimento aos novos alunos, e durante o mês de Maio, com as principais festividades da praxe universitária, as academias rompem as suas fronteiras e marcam encontro com a generalidade da população anfitriã.
De norte a sul do país, sucedem-se as queimas, o enterro, as semanas académicas, sempre com programas recheados e fortemente mobilizadores dos estudantes, suas famílias e público em geral.
É tempo de serenatas, imposição de insígnias, bênçãos, cortejos, bailes de gala, festas populares e concertos, garraiadas e afins. As aulas ficam temporariamente para segundo plano e a esmagadora maioria dos estudantes aproveita para retemperar ânimo e forças (ou para as esgotar) antes da última fase de avaliações que se aproxima.
Para os adeptos da praxe, este é o tempo de vivenciar as particularidades de cada etapa do seu percurso, seja na sua despedida do estatuto de caloiros, seja nos últimos actos como finalistas (se é que a nomenclatura do pós-Bolonha não me está a atraiçoar).
Para os demais, serão sempre momentos de convívio e animação que não deixarão de partilhar com os que lhe são mais próximos e que dificilmente deixarão de reter como um dos períodos mais simpáticos das suas vidas.
Para as comunidades locais, poderá sempre valorizar-se o colorido e a animação dos eventos ou criticar os transtornos do trânsito, desfrutar de cartazes culturais muito apetecíveis ou lamentar o ruído que afecta as zonas residenciais mais próximas.
Mas, qualquer que seja a perspectiva, que não se perca a oportunidade de perceber que, ao longo de todo o ano, eles andam por ali, a dar vida a essas cidades, com ou sem as capas negras dos seus trajes académicos aos ombros.
Presidente da Câmara Municipal de Braga. Escreve à quinta-feira