O Partido Liberal-Democrata fez um ultimato aos líderes dos conservadores e dos trabalhistas. Num comunicado, Nick Clegg desafiou David Cameron e Ed Miliband a porem os interesses nacionais à frente das ambições pessoais para garantir estabilidade governativa nos próximos anos. No seu entendimento, a única forma de evitar a realização de novas eleições em Dezembro passa por incluir os liberais–democratas no executivo. A experiência no último governo reforça a convicção dos responsáveis de que é possível garantir uma coligação “forte e estável”.
Um governo minoritário do Partido Trabalhista não aguenta muito tempo porque tem de fazer cedências ao Partido Nacional Escocês quanto às medidas de austeridade e ao programa Trident. Por seu lado, o Partido Conservador tem de arranjar dinheiro para obter apoio do DUP da Irlanda do Norte e satisfazer as exigências do UKIP em relação a um referendo sobre a manutenção do Reino Unido na União Europeia.
Nick Clegg admite ajudar David Cameron a viabilizar a consulta popular. A realização de novas eleições depende de alterações à legislação. Richard Toye, professor da Universidade de Exeter, explicou ao i que “será mais complicado chegar aos dois terços necessários”. A outra forma de convocar eleições antecipadas acontece se for chumbada uma moção de confiança no parlamento ao executivo britânico ou se, decorridos 14 dias, o governo alternativo não conseguir também um voto de confiança.
Legitimidade Os dois principais partidos britânicos pediram aos eleitores que lhes ofereçam uma maioria absoluta. As sondagens já indicavam um empate técnico, mas David Cameron e Ed Miliband ainda acreditavam num milagre. Numa altura em que falta um dia para a eleição, as estruturas partidárias caíram em si. O primeiro-ministro, David Cameron, considera que o Partido Trabalhista não tem legitimidade para governar se não tiver a maioria dos votos. O líder conservador rejeita a possibilidade de um executivo trabalhista coligado com os nacionalistas escoceses a “lutar por uma pequena parte do país”. A líder do Partido Nacional Escocês, Nicola Sturgeon, entende que o próximo governo britânico não pode “ignorar a população escocesa”. Os escoceses pretendem ser incluídos numa futura solução governativa.
As lideranças partidárias também podem ter os dias contados. Os líderes que correm maior perigo são David Cameron e Ed Miliband, embora Nick Clegg também seja contestado há muito tempo.
O docente britânico entende que “David Cameron não tem condições políticas para continuar muito tempo no cargo porque um governo minoritário vai cair rapidamente”. No seu entendimento, o primeiro-ministro “vai seguir a recente tendência e demitir-se”. Richard Toye tem uma opinião diferente sobre a situação política de Ed Miliband, já que tem mais possibilidades de se “aguentar no cargo”. No entanto, o académico não tem dúvidas que a liderança dos dois começará a ser posta em causa nos próximos dias após o escrutínio.
Crianças com Cameron O jornal “First News”, que tem como público-alvo as crianças, divulgou uma sondagem sobre as escolha dos mais novos nestas eleições. De acordo com os resultados, o actual primeiro-ministro vence com 40% dos votos. Em segundo lugar está o líder do Partido Trabalhista, com 22%. As diferenças para as sondagens dos mais velhos notam-se a partir do terceiro lugar. No inquérito juvenil, os Verdes registam 18%. Os Liberais-Democratas recolhem 9% dos votos. A última escolha dos futuros eleitores britânicos recai sobre Nigel Farage, com 6%.
Apoios O antigo primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, pediu ontem o voto no Partido Trabalhista Escocês. A acção de campanha contou com a participação do líder Jim Murphy. Boris Johnson também esteve ao lado de David Cameron no Norte de Londres. Os especialistas e a imprensa apontam o actual presidente da Câmara da capital como o mais forte candidato à sucessão de David Cameron nos conservadores.