Crítica a “Força Maior”. Montanha abaixo

Crítica a “Força Maior”. Montanha abaixo


É um thriller, é uma cápsula de nervos em quantidades generosas, uma luta pela sobrevivência


Não é preciso chegar ao fim de “Força Maior” para perceber que nunca vimos a verdade tão bem transformada em ficção. Bom, sejamos honestos, é provável que já a tenhamos visto, claro que sim, mas esta história faz-nos esquecer tudo isso. Afundamo-nos na realidade enquanto pensamos que dela estamos a escapar e é bem provável que, para muitos, este filme seja mais perturbador que qualquer fita de terror ou de misticismos assassinos. Robert Östlund filma a história de uma família – mãe, pai e dois filhos pré-adolescentes – de férias numa estância de esqui nos Alpes franceses.

E porque em carne e osso também assim acontece, em “Força Maior” é no meio de trivialidades aparentes que nascem as transformações mais inesperadas. Aqui a desgraça é um casamento que não tem salvação, que parece irremediavelmente preso ao fim. Sem escapatória, como esta gente que das montanhas não tem para onde ir a não ser quando as férias acabarem. Lisa Loven Kongsli é Ebba, Johannes Bah Kuhnke interpreta Thomas. São violentíssimos na forma como não deixam margem nenhuma entre os diálogos e as tensões que protagonizam e as que sabemos serem cruelmente verdadeiras.

É um thriller, é uma cápsula de nervos em quantidades generosas, uma luta pela sobrevivência, bem mais impressionante que seria ver esta família engolida por uma avalanche de outro tipo.