Vizzy. Com este robô não vai poder fingir que está cansado para fazer exercício

Vizzy. Com este robô não vai poder fingir que está cansado para fazer exercício


A robótica portuguesa quer dar cartas a nível internacional. Um dos projectos é este robô assistente para exercício e fisioterapia, que está a ser desenvolvido com financiamento do Programa CMU Portugal


Vai conseguir rodar a cabeça 360º até  encontrar o dono, ir ter com ele ao sofá, ensinar-lhe os exercícios que deve fazer e avaliar as respostas físicas ao ponto de conseguir perceber se está cansado e é preciso abrandar ou se não está a aproveitar a oportunidade de treino como devia. A robótica é uma área procurada por cada vez mais estudantes em Portugal e o robô Vizzy, se tudo correr bem, promete ser um dos contributos da ciência nacional para o campeonato das aplicações práticas. Vai ser programado para promover exercícios físicos e de reabilitação, de preferência sem que os utilizadores tenham de sair de casa.

O projecto que junta investigadores do Instituto Superior Técnico, da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e do Instituto de Tecnologias Interactivas da Madeira, foi seleccionado no final do ano passado para receber financiamento do programa CMU Portugal – convénio em que a Universidade Carnegie Mellon nos Estados Unidos é parceira da universidade portuguesa.

Os 600 mil euros de investimento no âmbito das chamadas Iniciativas Empreendedoras de Investigação vieram dar fôlego a um robô assistente que começou a ser desenvolvido há dois anos e ainda estava a tentar superar aspectos complicados da robótica como a mobilidade e o reconhecimento espacial, explicou ao i o coordenador do projecto Alexandre Bernardino, do Laboratório de Visão Robótica e por Computador do Instituto de Sistemas e Robótica do Técnico.

Agora terão quatro anos para pôr o Vizzy a funcionar, calibrar todos os seus sensores mas também dotar a sua memória de exercícios validados por fisioterapeutas credenciados, por exemplo para combater a obesidade ou ajudar a recuperar de um AVC.

E porque o público-alvo são pessoas verdadeiras, será necessário testar a sua eficácia em utilizadores reais e perceber não só se funciona mas também se as pessoas aderem às suas instruções. Para isso, o Vizzy deverá conseguir dizer algumas palavras.

Alexandre Bernardino explica que a lógica é semelhante à dos jogos interactivos, como os da consola Wii, em que é projectada uma imagem num ecrã (que no caso do robô poderá ser uma tela) e há depois sensores que reconhecem o movimento do utilizador. Da mesma forma que nos jogos a consola consegue premiá-lo ou chumbá-lo quando acerta nas posições de dança ou modalidades desportivas, neste caso o Vizzy vai perceber se os exercícios estão a ser feitos com a postura adequada.

Mas os sensores vão ser mais precisos e clínicos. Poderão ser programados em função das características do utilizador e depois monitorizados tendo em conta questões como a pulsação, a temperatura ou até a a ruborização do rosto. O investigador admite que, sendo eficaz, o plano de exercícios até poderá assim ser executado de forma mais precisa que quando se tem um instrutor ou fisioterapeuta de carne e osso, que consegue ouvir as queixas do doente mas não tem noção exacta dos seus indicadores fisiológicos.

Os investigadores estimam que um Vizzy completo terá um custo na ordem dos 10 mil euros. “Vai poder ser usado em hospitais e clínicas, que poderão por exemplo ter uma modalidade de aluguer a particulares”, explica Alexandre Bernardino.

Se os algoritmos e planos de estudo estão a ser desenvolvidos no meio universitário, colaboram ainda no projecto as empresas nacionais Plux e Ydreams. Se chegar a bom porto, será um dos primeiros robôs fisioterapeutas do mundo.