Freddie Gray. Seis polícias de Baltimore acusados de homicídio

Freddie Gray. Seis polícias de Baltimore acusados de homicídio


Procuradoria considerou que a polícia agrediu o jovem e não lhe prestou o auxílio necessário.


A morte do jovem negro Freddie Gray, em Baltimore, foi considerada homicídio. O veredicto foi ontem apresentado pela promotora Marilyn Mosby, que considerou os seis polícias culpados, emitindo desde já ordem de prisão. A decisão motivou de imediato celebrações dos moradores, que festejaram na rua a decisão judicial, apesar de o recolher obrigatório na cidade ainda não ter sido levantado. A acusação levou os sindicatos da polícia a enviarem uma carta ao Ministério Público da cidade para defenderem a inocência dos colegas e solicitarem outro procurador para prosseguir a investigação.

Gray tinha 25 anos, foi detido no dia 12 e morreu sete dias mais tarde no hospital devido a fracturas da coluna vertebral. Após o seu enterro, desencadearam-se confrontos violentos em Baltimore, o que levou a guarda nacional a impor o toque de recolher na cidade. Na quarta-feira à noite, várias cidades, nomeadamente Nova Iorque, foram cenário de protestos contra a violência policial sobre a população afro-americana. Em Nova Iorque, as autoridades detiveram mais de 100 pessoas durante os protestos.

Ferida fatal A acusação pública da cidade de Baltimore defende que as lesões sofridas pelo jovem foram infligidas por acção da polícia no momento da sua detenção e transporte até à esquadra. De acordo com os resultados preliminares do inquérito e da autópsia, o jovem morreu de uma “ferida que lhe foi fatal enquanto seguia no veículo da polícia, sem cinto de segurança”. Os seis agentes foram agora formalmente acusados, mas apenas um foi indiciado pelo crime de homicídio. Os outros vão ser acusados de homicídio involuntário e agressão. De acordo com os relatos das testemunhas, e segundo a convicção da acusação pública, Freddie Gray não cometeu nenhuma ilegalidade – terá fugido quando viu um polícia e tinha consigo uma navalha que a procuradora pública disse ser legal no Estado do Maryland.

Caesar Goodson Jr., o polícia que conduzia o carro, acabou ser alvo da acusação mais grave. O agente de 45 anos foi acusado de homicídio simples, homicídio involuntário, ofensas à integridade física e negligência. Se vier a ser considerado culpado de todas as acusações, pode ser condenado a um máximo de 63 anos de prisão.

A sargento Alicia White, de 30 anos, foi acusada de homicídio involuntário e poderá ser condenada a 30 anos de prisão. Os agentes William Porter, de 25 anos, e o tenente Brian Rice, de 41, arriscam-se a apanhar a mesma pena. Edward Nero, de 29 anos, e Garrett Miller, de 26, foram ambos acusados de ofensas à integridade física e negligência e podem apanhar 20 anos de cadeia.

Numa conferência de imprensa realizada ontem, a procuradora Marilyn Mosby disse que o jovem foi metido na carrinha da polícia sem os cuidados necessários, sem cinto de segurança, e sem que lhe tenha sido prestada qualquer assistência apesar de ter pedido um médico por ter dificuldade em respirar.

A acusação pública, porém, ainda carece de provas, dado que, além dos relatos das testemunhas, não há até agora uma imagem a mostrar o momento da detenção, tornando o caso difícil de analisar. Os vídeos que circulam nas redes sociais apenas mostram Gray a ser levado pelos agentes, gritando por ajuda e aparentemente imobilizado.