Proibido proibir


O proibicionismo está na moda e isso não é lá grande coisa.


Proibiram a Uber, proibiram o livro de Gonçalo Amaral sobre o caso Maddie, queriam proibir a livre cobertura das campanhas eleitorais e querem proibir os cigarros em todos os espaços públicos e os adolescentes de tocarem em álcool.

O proibicionismo está na moda e isso não é lá grande coisa: não se inova proibindo a novidade, não se esclarece proibindo a especulação, não se democratiza cerceando a imprensa, não se combate o álcool e o tabaco por decreto. A cereja no topo do bolo: os programas eleitorais dos partidos devem ser submetidos ao visto prévio da Dr.a Teodora Cardoso. E porque não também ao Tribunal Constitucional, não vá alguém lembrar-se de propor medidas anticonstitucionais, como retirar o “caminho para uma sociedade socialista” do preâmbulo da Constituição?

Proibir as coisas é uma simplificação barata da realidade, da mesma forma que os pais proíbem as crianças de fazer isto ou aquilo porque sim, mas sem lhes explicarem os porquês ou proporem alternativas.

O próprio Deus, a existir, não proibiu o Diabo: deixa-o andar por aí à solta e entrega aos seres humanos a capacidade de, com o seu livre arbítrio, escolherem entre o bem e o mal.

Talvez esta onda proibitiva seja mais uma manifestação da saturação em que vivemos – sem tempo, dinheiro ou energia para discutirmos as coisas, toca de as proibir, como quem arruma um assunto numa gaveta e julga que ele aí permanecerá para sempre. Lembra a história que a lei seca entrou em vigor em 1920, proibindo a fabricação e o comércio de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos.

Mas o seu efeito foi ao contrário e provocou o aumento da corrupção, uma explosão da criminalidade e o enriquecimento das máfias que contrabandeavam as bebidas alcoólicas. Em 1933, com o argumento de que a legalização das bebidas geraria mais empregos e aumentaria as receitas fiscais, o presidente Roosevelt acabou por legalizar a cerveja. Não proíbam os problemas, tratem deles com a seriedade que merecem.

Escreve à sexta-feira

Proibido proibir


O proibicionismo está na moda e isso não é lá grande coisa.


Proibiram a Uber, proibiram o livro de Gonçalo Amaral sobre o caso Maddie, queriam proibir a livre cobertura das campanhas eleitorais e querem proibir os cigarros em todos os espaços públicos e os adolescentes de tocarem em álcool.

O proibicionismo está na moda e isso não é lá grande coisa: não se inova proibindo a novidade, não se esclarece proibindo a especulação, não se democratiza cerceando a imprensa, não se combate o álcool e o tabaco por decreto. A cereja no topo do bolo: os programas eleitorais dos partidos devem ser submetidos ao visto prévio da Dr.a Teodora Cardoso. E porque não também ao Tribunal Constitucional, não vá alguém lembrar-se de propor medidas anticonstitucionais, como retirar o “caminho para uma sociedade socialista” do preâmbulo da Constituição?

Proibir as coisas é uma simplificação barata da realidade, da mesma forma que os pais proíbem as crianças de fazer isto ou aquilo porque sim, mas sem lhes explicarem os porquês ou proporem alternativas.

O próprio Deus, a existir, não proibiu o Diabo: deixa-o andar por aí à solta e entrega aos seres humanos a capacidade de, com o seu livre arbítrio, escolherem entre o bem e o mal.

Talvez esta onda proibitiva seja mais uma manifestação da saturação em que vivemos – sem tempo, dinheiro ou energia para discutirmos as coisas, toca de as proibir, como quem arruma um assunto numa gaveta e julga que ele aí permanecerá para sempre. Lembra a história que a lei seca entrou em vigor em 1920, proibindo a fabricação e o comércio de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos.

Mas o seu efeito foi ao contrário e provocou o aumento da corrupção, uma explosão da criminalidade e o enriquecimento das máfias que contrabandeavam as bebidas alcoólicas. Em 1933, com o argumento de que a legalização das bebidas geraria mais empregos e aumentaria as receitas fiscais, o presidente Roosevelt acabou por legalizar a cerveja. Não proíbam os problemas, tratem deles com a seriedade que merecem.

Escreve à sexta-feira