Para a semana, 50 novos agentes vão integrar a mais exclusiva e cobiçada elite da polícia: o Corpo de Segurança Pessoal (CSP) da PSP. Passam por testes rigorosos antes de ingressarem no curso e precisam de aprender de tudo. A fazer o mais perfeito nó de gravata, a conduzir carros sob condições adversas, a saber comportar-se de acordo com a etiqueta e o protocolo do Estado ou a lutar de fato e gravata.
No terreno, a responsabilidade é grande. Afinal, estes são os homens responsáveis por garantir a segurança de presidentes da República, primeiros-ministros, magistrados e altas entidades estrangeiras. São também eles quem protege testemunhas de alto risco em processos judiciais considerados sensíveis.
O reforço da próxima semana é bem-vindo. Não é segredo que o actual governo é o primeiro da história em que todos os ministros têm segurança pessoal. Como se já não bastasse, Portugal está na moda e recebe cada vez mais entidades estrangeiras, seja em cimeiras, visitas oficiais ou de lazer.
É difícil definir quem são estes homens. Rui Pereira chamou-lhes, na altura em que era ministro da Administração Interna, “a jóia da coroa” das polícias. São discretos e, para o cidadão comum, homens misteriosos que vestem de escuro, impenetráveis e frios. Cães do poder ao lado dos governantes. Para as entidades que protegem, raramente passam de sombras invisíveis e, por vezes são presenças indesejáveis – ainda que necessárias. Para os outros polícias são “engomadinhos”, distante e arrogantes.
A carreira é exigente e, por vezes, um verdadeiro martírio para a vida pessoal. Os homens do CSP – de poucas falas e avessos a fotografias – são obrigados a estar disponíveis para o serviço, de noite e de dia. Viajam em classe executiva, conduzem carros que valem muitos milhares de euros, dormem em hotéis de luxo e frequentam os melhores restaurantes. Mas, no final, não passam de homens temporariamente sós: no período que passam com a entidade que protegem, deixam de ter vontade própria e são obrigados a resistir ao cansaço e a responder a imprevistos. São treinados para não mostrarem emoções, não se deixarem deslumbrar e guardar os mais delicados segredos de Estado.
Os seguranças dos poderosos raramente são autorizados a falar com jornalistas. Mas, nas próximas dez páginas, o i leva-o numa viagem pelos bastidores da segurança dos membros do governo, guiada por quem melhor os conhece: os próprios agentes do CSP.