O trabalho de recuperação da economia britânica feito por David Cameron é um dos temas que estarão em jogo nas próximas eleições. Os últimos números apontam para um crescimento de 0,3% em Março. Por seu lado, a taxa de desemprego no final de 2014 situava-se nos 6%, enquanto 73,3% dos britânicos tinham emprego. O valor é o mais alto desde que o Instituto Nacional de Estatística começou a fazer registos, em 1971. O plano económico idealizado pelo governo conservador eleito em 2010 tinha como missão retirar do desemprego 2,7 milhões de britânicos que ficaram sem trabalho no final de 2011.
O professor da London School of Economics Iain Begg explicou ao i como foi possível chegar aos resultados actuais. O docente afirma que “tem havido uma política monetária muito favorável devido aos juros baixos e a implementação de um programa substancial de flexibilização a partir do final de 2009”. O economista critica a política dos recentes executivos, que resultam “em défices elevados todos os anos desde 2007”.
As medidas governamentais permitem ao Reino Unido enfrentar com segurança mais uma crise internacional devido à estabilidade dos bancos. As medidas do primeiro-ministro britânico estão a ser defendidas por economistas mundiais. O antigo presidente da Câmara Municipal de Nova Iorque Michael Bloomberg escreveu um artigo na “Bloomberg View” em que solicitava à população britânica que deixasse David Cameron acabar o trabalho. O professor da Universidade de Londres Simon Griffiths revela que “os conservadores querem mais uma oportunidade para terminar os cortes na despesa pública, além de pensarem que a economia vai continuar a crescer”. O académico da Universidade de Exeter Richard Toye, revela que “David Cameron pensa que os resultados económicos trazem vantagem”. Os dois professores têm dúvidas sobre a necessidade dos cortes. Richard Toye tem a certeza que “as medidas de austeridade pioraram a situação, embora os conservadores tenham conquistado eleitorado com o discurso de que a economia estava a crescer”.
PASSADO E FUTURO O Partido Conservador aproveitou a recessão económica que atingiu o Reino Unido em 2010 para vencer as eleições legislativas. Simon Griffiths entende que “os trabalhistas não encontraram um discurso alternativo para justificar a crise económica”. No seu entendimento, deviam ter culpado a situação internacional e a hesitação dos conservadores em regular a actividade bancária. As propostas económicas do partido liderado por David Cameron para o futuro continuam a incidir na redução do peso do Estado na vida das empresas, mas também dos cidadãos britânicos. O académico londrino assegura que “o actual governo quer reduzir ainda mais a administração pública”.
CAMPANHA Os dados do crescimento económico surgiram a uma semana das eleições legislativas. O Instituto Nacional de Estatística britânico revelou que o Reino Unido obteve uma evolução 0,3% positiva. A indústria cresceu 0,5%, mas o sector da construção sofreu uma queda de 1,6%. O chanceler do Tesouro, George Osborne, disse que “a economia estar a crescer é uma boa notícia, mas o futuro depende do resultado das eleições”. A oposição criticou os números divulgados. O responsável pela pasta financeira do Partido Trabalhista, Ed Balls, afirmou que “os números mostram que a vida das famílias e dos trabalhadores não tem melhorado”. Os liberais-democratas denotaram preocupação face aos últimos desenvolvimentos. Na opinião de Danny Alexander, a participação do partido no próximo governo “é fundamental para assegurar a retoma”. O Partido Nacional Escocês não ficou satisfeito com os resultados. Os escoceses pretendem fazer uma coligação com os trabalhistas para acabar com as medidas de austeridade do actual executivo.
Os especialistas acreditam que os números vão ser diferentes no final do ano. Uma economista britânica disse à BBC que “no segundo semestre a economia deverá crescer entre 0,7% e 0,8%”. No entanto, o último boletim não beneficia do clima de entendimento que seria desejável devido ao empate técnico que se verifica nas sondagens.