Perguntas em dia de greve


O país tem seguido, sem perceber muito bem, o debate à volta das soluções para a TAP, com os argumentos a confundirem-se com a greve dos pilotos.


Esta semana tive no Jornal 2 o presidente da OGMA, que há dez anos foi parcialmente privatizada, depois de um processo idêntico ao da TAP. Na altura vender era também a alternativa para não fechar. Foram dias de protestos, de greves, com muitas dúvidas, que acabaram com a entrada da EMBRAER no capital da empresa, que hoje é um caso de sucesso, com os brasileiros a conseguirem todos os anos mais lucros, que também dividem com o Estado e os trabalhadores. O Estado mantém uma participação significativa e Rodrigo Rosa dizia na entrevista na RTP2 que isso é uma grande vantagem competitiva para uma empresa estratégica.

Vender parte do capital da TAP, mantendo o Estado uma parcela que lhe permita evitar o que aconteceu na PT e que um dia poderá acontecer na EDP, na GALP ou na REN, é uma solução defendida por muitos economistas da ala esquerda do espectro político. Olhando para o exemplo da OGMA, o Estado poderia até garantir lucros em cada ano e influenciar decisivamente a gestão de uma empresa estratégica. Mas porque é que não se pondera seriamente esta solução?

Porque é que o Estado afirma de forma tão clara que não sabe gerir empresas?

Mas poderá o Estado assumir que não sabe gerir apenas uma empresa quando tem o dever de gerir um país?

A semana revela também mais notícias sobre a forma ruinosa como a TAP desbaratou milhões em negócios no Brasil, que nunca foram devidamente investigados. Porque é que nunca se tentou perceber realmente o que aconteceu nestes investimentos?

A greve dos pilotos é mais um episódio numa história com demasiadas perguntas, começando o protesto em mais uma dúvidas. Se há um acordo para os pilotos terem parte do capital da empresa, porque é que não se respeita a palavra assumida, na véspera de uma greve que também era preciso evitar?

Jornalista RTP
Coordenador Jornal 2 – RTP2
Escreve à sexta-feira

Perguntas em dia de greve


O país tem seguido, sem perceber muito bem, o debate à volta das soluções para a TAP, com os argumentos a confundirem-se com a greve dos pilotos.


Esta semana tive no Jornal 2 o presidente da OGMA, que há dez anos foi parcialmente privatizada, depois de um processo idêntico ao da TAP. Na altura vender era também a alternativa para não fechar. Foram dias de protestos, de greves, com muitas dúvidas, que acabaram com a entrada da EMBRAER no capital da empresa, que hoje é um caso de sucesso, com os brasileiros a conseguirem todos os anos mais lucros, que também dividem com o Estado e os trabalhadores. O Estado mantém uma participação significativa e Rodrigo Rosa dizia na entrevista na RTP2 que isso é uma grande vantagem competitiva para uma empresa estratégica.

Vender parte do capital da TAP, mantendo o Estado uma parcela que lhe permita evitar o que aconteceu na PT e que um dia poderá acontecer na EDP, na GALP ou na REN, é uma solução defendida por muitos economistas da ala esquerda do espectro político. Olhando para o exemplo da OGMA, o Estado poderia até garantir lucros em cada ano e influenciar decisivamente a gestão de uma empresa estratégica. Mas porque é que não se pondera seriamente esta solução?

Porque é que o Estado afirma de forma tão clara que não sabe gerir empresas?

Mas poderá o Estado assumir que não sabe gerir apenas uma empresa quando tem o dever de gerir um país?

A semana revela também mais notícias sobre a forma ruinosa como a TAP desbaratou milhões em negócios no Brasil, que nunca foram devidamente investigados. Porque é que nunca se tentou perceber realmente o que aconteceu nestes investimentos?

A greve dos pilotos é mais um episódio numa história com demasiadas perguntas, começando o protesto em mais uma dúvidas. Se há um acordo para os pilotos terem parte do capital da empresa, porque é que não se respeita a palavra assumida, na véspera de uma greve que também era preciso evitar?

Jornalista RTP
Coordenador Jornal 2 – RTP2
Escreve à sexta-feira