Um qualquer de Camilo Castelo Branco. Daria tempo para matar as personagens todas. Sou absoluta fã.
2. Qual o sítio mais estranho onde já encontrou um livro seu? No metro, dentro de um jornal intelectualmente superior para que não fosse possível ver o que a senhora lia.
3. Já perdeu ou se esqueceu de algum livro durante uma das suas viagens? Em todas as viagens que faço trago livros infantis. Num regresso de Londres deixei o livro, ainda embrulhado, dentro do avião. Assim que percebi tentei voltar para trás e furar a segurança. Não me deixaram e garantiram que nenhum livro tinha sido deixado no avião. Resta-me o consolo de que alguém tenha sido feliz com aquela história.
4. Vê uma pessoa a roubar um livro na livraria de um aeroporto. Como reage? Depende. Se esteve a lê-lo antes e roubou porque precisava mesmo de continuar seria cúmplice do crime.
5. Ao lado de que autor não se importava de viajar até ao fim do mundo? Porquê? Se ainda fosse possível, queria viajar até ao fim do mundo com Álvaro Cunhal, ou Manuel Tiago. Porque sei, com saudade, que teria um mundo de histórias para ouvir, um mundo muito maior que aquele que temos para viajar.
6. Se pudesse escolher apenas um sítio/paisagem/país onde passar o resto da vida a escrever, qual seria e porquê? Queria um lugar qualquer com vista para o rio. Podia ser em Lisboa, no Porto, em Londres, em Istambul. Também pode ser em minha casa, onde nem sequer consigo ver o rio mas tem a luz mais bonita do mundo.
7. Está no estrangeiro e decide enviar um postal à sua editora.
O que escreve? “Espero que estejam todos bem. Tenham paciência comigo. Procurem bem todas as gralhas. E deixem-me escrever sobre amor.”
8. Qual a nacionalidade que melhor assenta a um detective, e porquê? Será soviético, perdoem--me o saudosismo. Porque um bom policial tem de envolver frio, neve, olhares cortantes e línguas incompreensíveis. E uma boa história de amor envolve o hino da URSS.
9. Imagine que no meio do nevoeiro de Londres encontra uma das suas personagens. Que lhe diria ela? Será o meu “urso” irlandês e pede-me em casamento, em sussurro, depois de um abraço.
10. Passeia pelas ruas estreitas de Veneza quando a confundem com uma escritora que detesta. Como se comporta? Quando me confundirem com uma escritora nunca será detestável. Vou agradecer.
11. Em que livro saltou antecipadamente para a última página para saber como acabava a história? Nunca quero saber o fim da história antes daquilo que existe para acontecer. Já me basta a mania que tenho de achar que sei o fim de todas as histórias na vida real.
12. Em 140 caracteres, explique qual é o enredo do livro que nunca escreverá. Nunca escreverei sobre pessoas que dizem que amam mas preferem estar sem a pessoa que amam. Nunca escreverei com palavras difíceis porque não as conheço nem sei o que significam. Nunca escreverei sobre aquilo que não conheço porque a minha criatividade não dá para tanto. E tentarei nunca escrever por obrigação.
Catarina Beato
{“Provo-te”, Marcador, 15,75€ }